O futebol em Minas Gerais caminha para 120 anos, a sua maior marca, o Mineirão, pouco mais de meio século, e o estádio está longe de ser apenas um equipamento esportivo, palco de alegrias ou decepções pelos resultados dos jogos nele realizados. É também um elemento integrado à economia do Estado e tem um papel importante nessa engrenagem, pois a cada R$ 1 gasto dentro dele, gera outros R$ 5,57 do lado de fora.
No ano passado, por exemplo, o valor chegou a quase meio bilhão. Foram gastos R$ 82 milhões dentro do Mineirão, com um dispêndio de R$ 414 milhões fora das dependências da arena.
Essa conta é resultado do estudo “Impactos socioeconômicos dos eventos realizados no Complexo do Mineirão sobre Belo Horizonte e Minas Gerais”, feito durante todo o ano de 2019 pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead) e pelo Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Ambos são ligados à Faculdade de Ciências Econômicas (Face) da UFMG.
Além de sediar partidas pelas várias competições que foram disputadas em seu gramado, o Gigante da Pampulha recebeu também pesquisadores em 2019.
“Essa discussão é extremamente relevante, e a maioria das pessoas não pensa nisso, não só no esporte, mas também no entretenimento. Geralmente, quando se fala da mineração, na cabeça das pessoas vem a quantidade de empregos que gera. Aí, às vezes, nem se considera os riscos ambientais que ela traz. No esporte, lazer, só conseguem olhar para o lado lúdico, mas não conseguem ver o lado econômico. Economia brasileira é muito de pequenos negócios. E eu sempre vi o impacto do Mineirão, como ele gera receita para tantas famílias da economia informal (há dezenas de barracas e food trucks de alimentação e bebidas no entorno da arena). A ideia foi justamente medir este impacto econômico do estádio”, revela Samuel Lloyd, diretor do Mineirão, um dos responsáveis pela contratação da pesquisa.
Economista do Ipead, Renato Mogiz explica como foi feita a pesquisa: “Chegamos à conclusão de que a cada R$ 1 gasto dentro da arena, são gastos R$ 5,57 fora, entrevistando os frequentadores do Mineirão em 2019. E vimos que o dispêndio imediato esportivo da última temporada foi de R$ 488 milhões. Na avaliação, são consideradas questões como transporte, hospedagem, alimentação, outras viagens, principalmente em jogos internacionais, teatro, combustível”.