Tecnologia desenvolvida por duas empresas mineiras em parceria com uma chinesa vai ajudar mineradoras
Barragem que rompeu em Brumadinho era construída em degraus feitos com o próprio rejeito sobre o dique inicial (Reprodução / Agência Senado)
O governo anunciou, nesta sexta-feira (10), investimento de R$ 510 milhões, de uma parceria entre empresas mineiras e uma chinesa, para ajudar no descomissionamento de barragens no Estado.
O anúncio foi feito pelo governador Romeu Zema, que está em Pequim, em missão oficial com empresas e investidores chineses. As empresas Gaustec, PST Holding e a chinesa Jingjin Equipment, maior produtora de filtros prensa do mundo são responsáveis pela tecnologia que permitiu o empilhamento a seco de rejeitos da mineração de ferro, eliminando a necessidade de barragens.
O investimento vai permitir a ampliação da implantação de uma tecnologia inédita, que estará em operação em Minas, que promete ajudar as mineradoras a acelerar o processo de descomissionamento de barragens de rejeitos alteadas a montante e, ao mesmo tempo, permitir que esses resíduos sejam reutilizados para produzir minério de ferro.
A parceria cria uma nova empresa que planeja investir, nos próximos cinco anos, R$ 360 milhões na construção de dez módulos de produção em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), gerando cerca de 600 empregos diretos e colocando Minas Gerais como protagonista de uma mineração cada vez mais sustentável.
O restante do investimento, aproximadamente R$ 150 milhões, será destinado à implantação de um centro de montagem e distribuição de equipamentos e peças sobressalentes, sendo um hub de produtos e serviços para atendimento aos setores de mineração, saneamento, indústria química e alimentos.
Parceria Minas-China
A joint venture entre as empresas mineiras, que conta com a tecnologia da empresa chinesa, permitiu o desenvolvimento de uma usina móvel de concentração magnética, uma planta modular que pode ser montada nas proximidades das barragens, onde é feita a transformação dos rejeitos em polpa para posterior reprocessamento na planta de concentração magnética.
No processo industrial, o rejeito depositado na barragem é beneficiado, gerando o concentrado de alto teor, a areia para construção civil e o resíduo filtrado que é empilhado.
Com a usina móvel, os rejeitos podem ser beneficiados por concentração magnética na própria área da barragem, com previsão de início de operação em até oito meses.
Existe ganho de tempo e também para o meio ambiente, com a redução das viagens dos veículos a diesel e o reaproveitamento dos rejeitos, que têm de 40% a 50% de teor de ferro - o restante ainda pode ser transformado em areia para a construção civil.
Além disso, 95% da água drenada nesse processo pode ser reutilizada pela mineradora em seus processos, inserindo essa tecnologia nos principais conceitos da economia circular.
Com a nova tecnologia, que já se encontra em operação em duas barragens de grandes mineradoras no Quadrilátero Ferrífero, a Gaustec, a PST e a Jingjin esperam contribuir para que as empresas possam se adequar mais rapidamente à exigência de uma nova forma de fazer mineração, alinhada aos princípios ESG (Environmental, Social and Governance), na qual a sustentabilidade e a segurança das pessoas são prioridade.
* Com Agências Minas