Minas busca parcerias com as polícias Civil e Militar de SP para caçada à facções

Raul Mariano e Mariana Durães
horizontes@hojeemdia.com.br
05/06/2018 às 20:39.
Atualizado em 03/11/2021 às 03:26
 (Jairo Chagas/Jornal da Manhã)

(Jairo Chagas/Jornal da Manhã)

Duas facções criminosas são investigadas pelas forças de segurança em Minas depois que pelo menos 50 ônibus foram queimados em 26 municípios só nos últimos três dias. Ontem, o governador Fernando Pimentel afirmou que os ataques são o “preço” que o Estado paga por ter uma política carcerária mais rigorosa.

O chefe do Executivo afirmou que todas as medidas necessárias para evitar novos incêndios estão sendo tomadas, mas admitiu que trata-se de um crime “difícil de detectar”. Até o momento, 47 pessoas foram conduzidas, dentre elas vários menores de idade, segundo a Polícia Militar.

O coronel Helbert Figueiró de Lourdes, chefe-geral da PM, evitou atribuir os ataques ao Primeiro Comando da Capital (PCC), organização criminosa com atuação em todo o país. “Não queremos dizer que é o PCC. A gente tem mais de uma facção. Precisamos que seja consolidada a investigação para construir uma resposta efetiva”, afirmou. Ele também garantiu que parcerias com as polícias Civil e Militar de São Paulo estão sendo feitas.

Ataques

Além dos incêndios, os bandidos têm atacado viaturas e carros particulares. Na tentativa de barrar a onda de violência, medidas emergenciais foram adotadas. Coletivos começam a receber escolta policial para garantir mais segurança à população. Outra ação é a presença de militares no interior dos coletivos para acompanhar as viagens. Em alguns casos, eles estão à paisana. 

Em Uberlândia, no Triângulo, viaturas da PM seguem os ônibus que circulam por bairros mais periféricos, onde o risco, segundo a corporação, é maior. 

“O povo tem comentado muito. Ninguém tem deixado de usar os ônibus depois dos ataques, mas a gente percebe uma sensação de medo, com certeza”, conta Elisângela Santos, funcionária de uma padaria da cidade.

Em Pouso Alegre, no Sul de Minas, cerca de 15 coletivos trafegam com dois policiais em cada. Conforme o major Xavier, o patrulhamento no município não ficará comprometido, já que policiais dos setores administrativos estão sendo deslocados para as ruas.

“Agora que a PM está rodando dentro dos veículos estamos mais tranquilos. A única mudança é que os horários das linhas estão diferentes. Ando de coletivo e não deixei de vir ao trabalho. Mas medo a gente sente sim”, diz o confeiteiro Jefferson Souza.

Rotina alterada

Onze ataques a coletivos foram registrados em Minas Gerais só entre a noite de segunda-feira e a madrugada de ontem. Uma viatura da Secretaria de Administração Prisional (Seap) também foi alvo de criminosos em Varginha, no Sul de Minas.

Em nenhum dos casos houve feridos, mas as ações alteraram a rotina da população. Em Pouso Alegre, por exemplo, a Viação Princesa do Sul reduziu de 80 para 15 o número de ônibus circulando na cidade, com escala de horário de sábado.

No Triângulo Mineiro, o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (Sindett) pediu à população para denunciar qualquer situação suspeita. 

Já na capital, desde os primeiros crimes em sequência, nove coletivos foram queimados. Nos últimos ataques, a entidade que representa as empresas passou a não repor os veículos, alegando inviabilidade financeira.

A situação em Pouso Alegre também é crítica. A previsão é a de que ônibus sejam repostos, mas sem data prevista. De acordo com cronograma do transporte público da cidade, a aquisição é feita anualmente.

Em Uberlândia, os veículos estão sendo substituídos pela frota reserva.Editoria de Arte

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