(Samuel Costa/Hoje em Dia)
Construídos sob encostas ou à beira de barrancos, cerca de 2.700 imóveis de Belo Horizonte estão em áreas de risco geológico. As moradias, erguidas na maioria dos casos sem critério técnico, ficam em vilas e favelas. Apesar do perigo de deslizamento e erosão, apenas 30 famílias foram removidas dessas residências neste ano.
Entre os principais riscos a que ficam expostos os moradores estão a inclinação do terreno e o solo composto basicamente por filito, mineral suscetível a deslizamentos, aponta o presidente do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de Minas Gerais (Ibape-MG), Frederico Correia.
Ele reforça que, se o próprio poder público atesta o perigo, o ideal é a remoção imediata das famílias. “Muitas dessas casas foram construídas sem o acompanhamento de um técnico e não oferecem segurança”, aponta Correia.
Mesma opinião tem o arquiteto e professor titular de Geografia da UFMG, Ralfo Matos. Para ele, mais do que retirar as famílias, é necessário criar mecanismos para se coibir as ocupações irregulares.
“A vigilância precisa ser constante para se evitar novos assentamentos e impedir a volta dos que foram retirados”, afirma.
Geóloga e também professora da UFMG, Maria Giovana Parizzi defende que cada caso seja analisado separadamente. “Existem situações em que obras preventivas podem garantir segurança para as famílias e nem sempre a remoção é indispensável”.
Retirada
Na quarta-feira (13), mais uma família teve que abandonar a residência. A retirada, apesar de necessária, foi bastante traumática e trouxe indignação aos moradores da Vila Bandeirantes, na região Oeste de BH.
Morando há 25 anos em uma casa erguida à beira de um barranco, o encarregado de condomínio Augustinho Fortunato, de 56, foi avisado pelos vizinhos de que o imóvel estava sendo arrombado.
“Quando cheguei, todos os móveis estavam em cima de um caminhão, e me disseram que levariam para um abrigo”.
A remoção e a demolição do imóvel, prevista para hoje, foram solicitadas pela Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (Comdec).
Um oficial de Justiça foi à casa de Augustinho três vezes para levar o comunicado, mas não teria encontrado ninguém em casa.