(Marcelo Prates - Arquivo)
Apesar de a cidade de Belo Horizonte ter, oficialmente, 116 anos, a história da região que abrigou a nova capital de Minas Gerais remete há, pelo menos, 300 anos. Mas qual seria a origem do Curral del Rei, sobre o qual foi construída a então chamada “Cidade de Minas”? A literatura, até então, remetia ao bandeirante paulista João Leite da Silva Ortiz. Entretanto, há questionamentos. Em extenso trabalho de pesquisa, que demorou oito anos para ser finalizado, o jornalista José Maria Rabêlo, de 85 anos, contesta essa versão no livro “Belo Horizonte: do Arraial à Metrópole, 300 anos de História”. “Chegamos à conclusão de que não havia um fundador. Não havia um marco que simbolizasse o início da cidade”, afirma Rabêlo. O estudo, lançado no dia no aniversário de Belo Horizonte, em 12 de dezembro, levanta a história da capital até a sua transformação em metrópole, nas décadas de 70 e 80. Para Rabêlo, pelo menos três fazendeiros contribuíram para a formação do arraial, além de Silva Ortiz: Francisco Homem del Rei, José Ribeiro e o bandeirante Borba Gato (que seria o descobridor do ouro em Minas, em Sabará, e manteve terras na região). O trabalho de Rabêlo, feito em conjunto com uma equipe de historiadores, é, como ele diz, uma grande reportagem sobre a história de Belo Horizonte. Essas quatro personalidades contribuíram para a formação do Curral del Rei. Para chegar a essa conclusão, a equipe teve muitas dificuldades, já que praticamente não tinha documentação. Agora, com a obra, Rabêlo espera que a história de Belo Horizonte seja recontada e que mais pesquisadores mergulhem no tema. “Não podem as escolas estarem repetindo até hoje a versão do Abílio Barreto, de que foi o João Leite da Silva Ortiz. É preciso fazer novos estudos para ver se se faz luz sobre esse episódio distante e tão controvertido da origem de Curral del Rei e de Belo Horizonte”, argumenta.