Dinheiro fake, prejuízo real

40 notas falsas são recolhidas por dia pelo Banco Central em Minas; crime desafia polícia

Marina Proton
mproton@hojeemdia.com.br
Publicado em 13/06/2022 às 07:43.
Até maio deste ano 5.982 cédulas foram recolhidas (Valéria Marques/Hoje em Dia)

Até maio deste ano 5.982 cédulas foram recolhidas (Valéria Marques/Hoje em Dia)

Casos recentes envolvendo a compra de dinheiro falso pela internet alertam para a circulação de notas adulteradas em Minas. Por dia, 40 cédulas vão para o Banco Central após apreensões feitas pela polícia ou devoluções de clientes nas agências. O crime desafia a polícia e deixa comerciantes no prejuízo.

As notas mais visadas pelos bandidos – que muitas vezes fazem falsificações com as marcas d’água de segurança – são as de R$ 100 e R$ 200. Atualmente, Minas é o segundo Estado com maior número de registros, ficando atrás de São Paulo. 

Até maio deste ano 5.982 cédulas foram recolhidas. O número, no entanto, sequer representa a realidade. Não entram na estatística as vítimas da fraude que deixaram de prestar queixa. Caso de Carlos José Gomes, dono de uma loja de suplementos no bairro Prado, na região Oeste de BH.

Há três meses, ele recebeu R$ 100 por um produto. No dia seguinte, percebeu que havia sido enganado. “Era falsa e só vi depois por conta do papel. Então, rasguei. Até ia ao banco, mas não tinha o que fazer”, contou o comerciante, que agora diz “ficar de olho” em tudo. 

Transtorno semelhante ocorreu com a comerciante Stephanie Nathalie Silva, proprietária de uma distribuidora em Santa Luzia, na região metropolitana. No caso dela, o prejuízo foi ainda maior.

“O rapaz chegou para comprar cerveja, pagou com a nota de R$ 200 e só percebi que era falsa no outro dia, quando fomos pagar fornecedores. Ia conferir, mas estava de noite e escuro”, disse, contando, ainda, que o cliente teria feito uma compra de apenas R$ 24.

“Comprou a cerveja mais cara, pagou com a nota falsa e ainda levou o troco”. Agora, ela diz que confere até mesmo as notas de menor valor com o auxílio de uma caneta própria.

O que fazer?
Receber uma nota falsa é sinônimo de prejuízo. Não há garantia de ressarcimento. Segundo o Banco Central, o dinheiro deve ser apresentado em uma agência bancária.

“Se não obtiver solução satisfatória com o gerente do banco, o cidadão pode procurar uma delegacia mais próxima para registrar uma ocorrência”.

A falsificação rende de três a 12 anos de cadeia. Quem, mesmo após ter conhecimento da falsificação, tentar colocar uma cédula em circulação, pode ser punido com pena de seis meses a dois anos.

Sem obrigação
Os comerciantes que desconfiarem da fraude podem recusar o dinheiro entregue pelos clientes. 

Além disso, é preciso alertar a polícia. É o que orienta o especialista em segurança e coronel reformado da Polícia Militar (PM), Gedir Rocha.

“Fundamental é que eles treinem os funcionários e tenham mecanismos para fiscalizar. Alguns ficam com vergonha, mas é preciso denunciar e chamar a PM”, avaliou. Segundo Rocha, a queixa ajuda no mapeamento e acompanhamento da distribuição das notas falsas.

Conforme a Polícia Federal, uma força-tarefa nacional investiga a venda de cédulas falsas pela internet.

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