(André Brant)
Mais de 2 mil vítimas de acidentes de trânsito foram atendidas apenas nos primeiros meses deste ano no Hospital João XXIII, em BH. A média é de praticamente um socorro por hora. A maioria (59,50%) pilotava uma motocicleta. A unidade é referência nacional na atenção ao politrauma.
Os acidentes de trânsito representam a maior parte dos atendimentos realizados no complexo hospitalar. Os dados foram apresentados nesta quarta-feira (4) pela Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig). Neste mês acontece o Maio Amarelo, campanha de conscientização sobre os riscos às pessoas.
De acordo com a Fhemig, de 2011 a 2020, 66.404 pessoas entraram no setor de politraumatizados da unidade hospitalar devido a esse tipo de ocorrência. Em 2021, outras 7.211 pessoas foram atendidas, das quais 66,49% (4.795) eram motociclistas.
Jovens
Outro dado que chama a atenção é que 32% dos atendimentos, motivados pelos acidentes de trânsito, envolvem jovens de 20 e 30 anos. O número – um terço dos registros – reúne motociclistas, pedestres e condutores de automóveis de passeio.
Cirurgiã do trauma e gerente médica do Complexo de Urgência e Emergência da Rede Fhemig, Daniela Fóscolo conta que a única vez que percebeu uma diminuição das ocorrências foi no início da “Lei Seca”, em 2008.
A percepção da médica é confirmada pelo estudo “O impacto da Lei Seca sobre o beber e dirigir em Belo Horizonte” que mostrou que, no ano em que a norma passou a valer, houve queda de 50% no número de pessoas dirigindo com algum nível de álcool no organismo. No entanto, desde então, os acidentes de trânsito seguem sua trajetória de crescimento.
Conscientização
Para o cirurgião geral e gerente assistencial do Complexo de Urgência e Emergência, Rodrigo Muzzi, o caminho para uma possível mudança de cenário é a conscientização. “Cada um deve ter consciência de que a segurança dele e dos demais depende do seu cuidado e atenção ao dirigir”.
Segundo Muzzi, o tempo de internação das vítimas de acidentes de trânsito é bastante variável e depende do tipo de lesão. De modo geral, se não houver lesão grave, o paciente costuma ficar no pronto-socorro por "algumas horas".
Caso haja fratura de membros, esse tempo sobe para sete dias (fraturas simples) a um mês (fraturas complexas), com possibilidade de sequelas. Quando há lesão cerebral grave, o paciente pode ficar internado por mais de 30 dias.
“O problema é que, especialmente, o motociclista está sujeito a lesões de maior gravidade, quando comparado aos demais motoristas, que estão protegidos pela carcaça do veículo que dirigem”, completa Fóscolo.
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