A Longa espera pela cirurgia de reconstrução mamária

Iêva Tatiana - Hoje em Dia
07/10/2015 às 07:06.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:58
 (Frederico Haikal)

(Frederico Haikal)

Receber o diagnóstico de câncer de mama, ser submetida à retirada completa de um dos seios, enfrentar oito meses de quimioterapia e 28 sessões de radioterapia foram apenas a primeira etapa da luta da aposentada Geralda Conceição de Souza Pretes,61 anos, contra a doença.

Há cerca de dois anos ela aguarda a cirurgia de reconstrução mamária pelo Sistema Único de Saúde (SUS), assegurada pela Lei 12.802/2013, que prevê a reparação imediata (no mesmo procedimento cirúrgico de retirada da mama) ou assim que a paciente apresentar condições clínicas.

“Na época da cirurgia (mastectomia), os médicos acharam melhor eu fazer primeiro a radioterapia e só depois reconstruir a mama, porque o tratamento ‘queima’ o local. Quando terminei as sessões, voltei ao hospital e levei a papelada, mas nunca me chamaram, ninguém nunca mais ligou para mim”, lembra Geralda.

Nesse período, desde a descoberta do câncer, em junho de 2013, até hoje, a aposentada vem lidando com diversos efeitos colaterais, principalmente, os que afetam a autoestima. “Minha coluna dói, porque de um lado tenho a mama – e ela é grande –, mas do outro, não. Só uso sutiã de bojo e sempre coloco enchimento. Se vou ao clube, tenho que usar uma camiseta. Incomoda muito ver uma parte do corpo faltando. Era uma coisa que eu tinha e agora não tenho mais”, desabafa.

Justificativas

Para o presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) – regional Minas Gerais, Clécio Lucena, o grande entrave para a reconstrução mamária pelo SUS, atualmente, é estrutural e orçamentário. “Hoje, a situação está cada vez mais complexa”.

Mas, segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) de Belo Horizonte, o caso de Geralda ainda não foi solucionado porque a aposentada perdeu uma consulta. “\...\ a paciente realizou uma cirurgia de mastectomia total no dia 03/12/2013, na Santa Casa BH. Posteriormente, foi agendada a consulta de risco cirúrgico para o dia 09/10/2014, mas a paciente não compareceu”.

Por sua vez, a aposentada afirma ter ido à consulta para entregar a documentação exigida. “Mas nunca me deram um retorno”.

Ainda de acordo com a SMSA, até julho deste ano, foram realizadas, na capital mineira, 55 cirurgias plásticas reconstrutivas pós-mastectomia com implante de prótese. No ano passado, o município somou 95 procedimentos.

Questionada sobre atrasos no repasse de recursos do governo federal, a pasta municipal não se posicionou.

ESTADO

Já a Secretaria de Estado de Saúde informou que as cirurgias de reconstrução mamária são eletivas e de responsabilidade dos municípios. Até julho, foram feitas 98 cirurgias plásticas mamárias reconstrutivas com implante de prótese em Minas, 18% a mais do que no mesmo período do ano passado.

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