Abarrotados de lixo e móveis, 78 córregos de Belo Horizonte serão limpos até agosto

Bruno Moreno
bmoreno@hojeemdia.com.br
07/04/2017 às 19:55.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:03

Mais de 490 toneladas de entulho já foram recolhidas em 20 córregos de Belo Horizonte apenas nos três primeiros meses deste ano. O montante corresponde a aproximadamente 50 caminhões do tipo truck abarrotados de lixo.

O descarte irregular, além de degradar os cursos d’água, aumenta a probabilidade de alagamentos, como o que ocorreu há duas semanas. Após temporal na região Oeste, o córrego Ferrugem, na divisa de BH com Contagem, transbordou e deixou um rastro de lixo e destruição.

A capital mineira tem 107 cursos d’água. No entanto, para organizar o trabalho de limpeza, a Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) estabeleceu 78 locais, que unem não apenas os córregos, mas também alguns afluentes.

Nesta semana, o serviço foi concluído no córrego do Cercadinho, que passa pelos bairros Buritis, Estrela Dalva, Palmeiras, Marajó e Havaí, na região Oeste. Só lá, mais de 80 toneladas de entulho foram retiradas. Dentre os materiais encontrados, televisores, geladeiras, pedaços de madeira, fogões, e lixo doméstico.

Em outra região, mais exemplos de incivilidade urbana. Responsável pela limpeza dos córregos na região Leste, o funcionário da SLU Carlos Roberto Rodrigues da Silva, disse são retiradas, em média, oito toneladas a cada dia de trabalho.

. Árbitro de futebol e estudante de Educação Física, morador do Paraíso, na região Leste

“Aqui devemos gastar uns dez dias para limpar tudo. Em média, a cada três meses fazemos esse trabalho. Se as pessoas jogassem o lixo na lixeira, a situação do córrego seria muito melhor, e o serviço seria mais de capina”, explica. Todo o material é enviado ao aterro Macaúbas, em Sabará, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). 

Falta educação
Para o professor de Engenharia Sanitária e Ambiental da UFMG, Rafael Barros, o problema da poluição dos córregos não é falta de esclarecimento da população, mas de falta de educação.

“A maioria das pessoas já tem noção e não quer colaborar. Antigamente, até podiam falar que não sabiam que ia fazer mal ao córrego, mas hoje não dá pra falar. Todo mundo sabe que não se deve jogar resíduos nos cursos d’água. Talvez seja por preguiça, mau hábito, má vontade”, argumentou.

Motoboy, também morador do bairro Paraíso, na região Leste, às margens do córrego do Navio

Falta de informação
No início da semana, a SLU chegou a afirmou que a varredura seria feita em 61 córregos. No entanto, na quarta-feira a assessoria do órgão retificou a informação, e disse que a limpeza acontecerá em 78. “São locais onde foi identificada a necessidade de intervenção”, informou.

A SLU, porém, não disse a quantidade de resíduos retirada dos córregos da cidade no último ano nem quais já foram limpos em 2017. Normalmente, a limpeza é feita de março a agosto. Na internet, a SLU informa que são limpos cerca de 211 mil m² de córregos por mês.


 

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