Acesso de negros à universidade cresce 6 vezes em 10 anos em Minas

Renato Fonseca - Do Hoje em Dia
06/12/2012 às 10:51.
Atualizado em 21/11/2021 às 19:07
 (Eugênio Moraes)

(Eugênio Moraes)

Aluna aplicada desde criança e sempre atenta às aulas que assistia no Colégio Tiradentes, em Belo Horizonte, Amanda Chaves, de 19 anos, colhe hoje os frutos da maratona de estudos. Com um sorriso tímido, ela fala modestamente da aprovação no curso de Farmácia da UFMG, um dos mais concorridos da instituição. “Foi uma surpresa”, diz.

Os passos seguidos pela menina, moradora do bairro Havaí, zona Oeste da capital, são o mais novo retrato do ensino superior em Minas, segundo a Síntese dos Indicadores Sociais (SIS) 2012, divulgada pelo IBGE. Apesar das desigualdades que persistem, nunca houve tantos avanços em relação à participação de negros na educação.

Salto

Em dez anos, o acesso de alunos pretos – forma utilizada pelo IBGE para distinguir a cor de pele das pessoas – às universidades mineiras teve salto de 520%.
A proporção de jovens de 18 a 24 anos frequentando curso superior (inclusive mestrado e doutorado) passou de 5,6%, em 2001, para 34,7% em 2011, superando o crescimento nacional de 358,3% em uma década.

Além da expansão das vagas nas universidades, iniciativas como o Programa Universidade para Todos (Prouni) e o Financiamento Estudantil (Fies) são apontados como os principais motivos para o crescimento.

O professor Rodrigo Ednilson de Jesus, do Núcleo de Estudos sobre Relações Raciais (Nera) da UFMG, destaca também as cotas raciais. “Universidades mineiras como a de Juiz de Fora e a Uemg foram pioneiras ao oferecer vagas para negros. E isso veio crescendo, em todo o país, ao longo dos anos”, diz. Apesar dos avanços, ele destaca as disparidades em relação aos brancos.

“Os dados do IBGE não podem ser ignorados, mas, proporcionalmente, o número de brancos cursando o 3° grau ainda é muito maior. Não à toa, criou-se o sistema de cotas para o ingresso de estudantes nas universidades e institutos federais de educação, ciência e tecnologia como mais uma forma de modificar esse panorama”.
Em agosto, foi instituída a norma que prevê, no mínimo, 50% das vagas para estudantes de escolas públicas e até 25% para cotas raciais.
 

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