Pais, colegas e familiares do estudante com deficiência participaram de manifestação em frente ao colégio
Manifestação na frente de escola no Barreiro em que criança com deficiência foi estuprada (Valéria Marques/ Hoje em Dia)
A advogada Carla Rodrigues, que representa a família da criança com deficiência que teria sido estuprada em uma escola municipal no bairro Vale do Jatobá, no Barreiro, em Belo Horizonte, afirmou que outras 15 famílias entraram em contato para denunciar abusos de crianças especiais em outros colégios. Nesta sexta-feira (27), ela participou de reunião com a diretoria da escola para debater o que será feito para garantir o retorno da criança em segurança para a unidade escolar.
Carla detalhou que, após o caso vir a público, muitas famílias criaram coragem e a procuraram para denunciar abusos contra crianças com deficiência. A advogada é presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Com Deficiência da Subseção Barro Preto da OAB.
“Após esse caso, estou sendo procurada por várias outras famílias que estão tendo a coragem de denunciar. O que eu posso falar, como uma pessoa que atua na causa PCD, é para essas famílias, que viveram alguma situação, denunciem. Pois a gente só vai conseguir regularizar essa situação com acesso a essas informações”, afirmou.
Nesta sexta-feira (27), pais, colegas e familiares do aluno abusado estão na porta da escola em uma manifestação, clamando por justiça e uma posição da diretoria.
Uma mãe que participava da manifestação contou que procurou a advogada para denunciar uma agressão ao filho dela, no mesmo colégio. Segundo ela, em abril do ano passado, uma outra criança especial começou a chegar em casa nervoso, o que não era comum. Um dia, a mãe foi até a escola e encontrou o filho sozinho, embaixo do sol, chorando, enquanto o monitor estava longe do local mexendo no celular.
Ao se aproximar do filho, a criança não quis deixar a mãe ver as mãos dele, que estavam com hematomas, assim como outras partes do corpo dele. Segundo ela, alunos da escola revelaram que o monitor estava beliscando a criança.
“A diretoria da escola afirmou que não podia fazer nada, apesar de ter denunciado o caso na polícia. O monitor continua na escola, mas meu filho possui um monitor diferente. Ele (o monitor que teria beliscado a criança) continua trabalhando aqui e cuidando de outras crianças. Quem garante que ele não vai fazer de novo? Quando acontece uma coisa dessa e a escola é negligente, ela está apoiando. Meu filho ficou envergonhado, traumatizado, e nós também, porque é uma luta diária”, destacou a mãe.
A Polícia Civil investiga as denúncias de estupro e agressão. A vítima relatou o caso ao pai, que procurou a Polícia Militar para registrar o Boletim de Ocorrência (BO) na última segunda-feira (23). A patrulha escolar da PM foi até a escola e fez fez contato com a diretora.
A educadora se reuniu com os pais dos estudantes, que, inicialmente, negaram a violência. Mas depois confirmaram. Segundo eles, o caso ocorreu durante o recreio do dia 13. Eles disseram ter levado a vítima para o banheiro e dado socos no peito, na cabeça e no rosto do menino. Na sequência praticaram a agressão sexual.
Ainda segundo o BO, um dos suspeitos informou que os atos teriam sido praticados porque a vítima "implica com ele e xinga a mãe dele". A instituição de ensino afirmou que iria notificar o Conselho Tutelar.
*Estagiário, sob supervisão de Valeska Amorim