(Renata Galdino / Hoje em Dia)
Pelo menos 92 pessoas teriam sido lesadas em um esquema de fraude na venda de veículos de uma concessionária, alvo de uma operação da Polícia Civil nesta sexta-feira (3), em Belo Horizonte. Sete pessoas foram presas, suspeitas de participar dos crimes de estelionato. De acordo com o coordenador de Operações Policiais do Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran-MG), Anderson Alcântara, os detidos são funcionários da concessionária Via Motors, na avenida Cristiano Machado, no bairro Floresta, região Leste de BH. Segundo a Polícia Civil, a empresa pegava o carro do cliente como entrada e ainda um sinal em dinheiro. Em troca, prometia outro veículo zero. No entanto, eles não revendiam os automóveis e aplicavam golpes nos consumidores. Todos os detidos foram levados para o Detran. Segundo o delegado, a primeira ocorrência registrada contra a Via Motors foi em fevereiro de 2014. Até agora, 92 pessoas procuraram a delegacia. Segundo Anderson Alcântara, existem três inquéritos investingando a Via Motors, sendo duas na Delegacia Regional Leste e um na de Consumidor. Há suspeita que exista o uso de uma empresa laranja no esquema. Na internet, há muitas reclamações contra a empresa, como no site Reclame Aqui, sobre a não entrega dos veículos. Dezenas de vítimas lotam a delegacia da do Detran para esclarecer o fato. Segundo a Polícia Civil, pelo menos 17 pessoas lesadas estão na unidade policial, mas existem, até o momento, 57 boletins de ocorrência contra a empresa, com crimes semelhantes. As vítimas também contam que os carros eram usados em outras empresas dos donos da Via Motors. Ao todo, oito testemunhas serão ouvidas nesta sexta. Outras vítimas estão sendo orientadas a procurar a Delegacia de Furto e Roubo de Veículos, que dará prosseguimento ao inquérito. Cliente registra ocorrência e funcionário se esconde ao fundo Foto: Renata Galdino / Hoje em Dia A delegada disse que irá ouvir os funcionários da empresa, que deverão ficar presos sob a acusação de estelionato e associação criminosa, com pena de um a cinco anos de cadeia. Os nomes dos funcionários detidos são: Isis Melo Francisco, de 26 anos; Samille Schimid, de 28; Bruna Dias de Andrade, de 25; Gustavo de Souza Borges, de 32; Emanuelle Cristina Ramos Moreira, de 19; Cleidiana Ferreira Monteira, de 20; e Daniel Fabrício Tito Silva, de 32. Uma das vítimas, o professor Rodrigo Pereira, de 39 anos, relatou ter dado R$ 32.500 em dinheiro para comprar um Fiat Uno na empresa, em abril deste ano. Segundo ele, era para ter recebido o carro em maio, mas foram três adiamentos até agora. No último dia 23, os representantes da empresa ofereceram a ele o prazo de 30 dias para entregar o carro ou 60 dias para devolver o dinheiro. "Peguei dinheiro emprestado com sogro, com banco. Nem estou dormindo direito", disse. Outra vítima é o empresário Bruno Vieira Campos, de 27 anos, que deu um Punto de entrada mais R$ 12.700 divididos em 12 vezes no cartão para pegar um Hyundai HB20. O Punto foi avaliado em R$ 25 mil. A negociação foi feita em maio, com promessa de ter o carro no mês seguinte. "Cada dia que eu ligava, um funcionário dava uma resposta diferente. Até que minha noiva e eu fomos lá na empresa, e achamos estranho a atendente nos levar para conversar na presença de uma advogada. Desconfiamos e fiz o primeiro boletim de ocorrência", afirmou O dono de uma locadora de veículos, que não quis se identificar, disse ter alugado 32 veículos que seriam repassados como carros reservas para os clientes. Nessa quinta (2), ele esteve na concessionária, com dois cheques, cujos valores não divulgou. O advogado da empresa, Leonardo Diniz, está no Detran e informou que não irá falar com a imprensa. Ele disse que a Via Motoros vai aguardar as apurações da polícia. Atualizada às 17h58