Agentes farão visitas noturnas a residências para agendar combate ao Aedes

Renato Fonseca
rfonseca@hojeemdia.com.br
06/04/2016 às 19:54.
Atualizado em 16/11/2021 às 02:50
 (Eugênio Moraes/Hoje em Dia)

(Eugênio Moraes/Hoje em Dia)

Luiz Rodrigues Nunes, de 60 anos, é encarregado de manutenção. A esposa dele, Maria do Socorro, d e 63, é auxiliar de cozinha e o filho do casal, Lucas, de 22, é analista de sistemas. A família mora no bairro Lindéia, no Barreiro, e trabalha durante o dia. Para encontrar alguém em casa, só após as 18h30. A limitação de horário impedia a vistoria dos agentes de endemias na residência.

Não se trata de um caso isolado. Muitas vezes, a força-tarefa formada para caçar larvas do Aedes aegypti, vetor da dengue, zika e chikungunya, esbarra nas portas fechadas dos imóveis. Em BH, um quarto das residências permanece fechada durante o dia, dificultando a varredura.

Para que tenham atuação intensificada, os agentes farão abordagens noturnas nos imóveis fechados durante o dia para que a vistoria seja agendada em dias posteriores, como aconteceu com a família Nunes. “Estiveram aqui e marcaram de voltar depois”, disse Luiz. Recentemente, ele e a mulher contrairam dengue.

Outra medida adotada pela Secretaria de Saúde de Belo Horizonte foi a instalação de telas de proteção com inseticida em janelas das residências para proteger gestantes do mosquito Aedes aegypti

Reforço

Imóveis encontrados fechados serão mapeados e o levantamento repassado à Defesa Civil Municipal. Das 19h às 21h, novo contato será feito com os moradores para definir dia e horário para o trabalho educativo e a possível eliminação dos focos do mosquito. A ação será agendada entre 7h e 18h.

O projeto piloto foi realizado em fevereiro no Lindéia. O bairro é apontado como um dos mais críticos devido à concentração de vítimas da dengue. 

Só nos primeiro trimestre deste ano, 630 pessoas tiveram a confirmação da doença após atendimento no Centro de Saúde Lindéia. No bairro, das 305 casas listadas como fechadas, foi possível remarcar o acesso dos agentes em 283.

“O número de imóveis encontrados fechados caiu de 27% para 11% após esta ação”, afirma o secretário municipal de Saúde, Fabiano Pimenta. Segundo ele, a expansão do serviço será feita, inicialmente, em bairros do Barreiro. 

A relação dos locais está sendo feita. Conforme ele, o alerta continua “máximo” na capital. “Ainda estamos em condições altamente favoráveis ao vetor”.

Segundo o coordenador da Defesa Civil, coronel Alexandre Lucas, os resultados são satisfatórios. Ele planeja novas ações em parceria com as regionais. “Com a possível expansão do projeto, poderemos remanejar pessoas que trabalham de dia e atuar com os demais servidores da prefeitura”.

Em Minas, dos mais de 7 milhões de imóveis na mira das vistorias, 15% não receberam os agentes de saúde. Em 1,4 milhão das casas, os profissionais encontram portas lacradas ou o atendimento foi recusado, como mostra o balanço do primeiro ciclo de visitas, entre janeiro e fevereiro.

Sem LIRAa

Belo Horizonte vai abrir mão da pesquisa LIRAa prevista para este mês. A capital seguirá recomendação do Estado. O objetivo é manter as atenções no segundo ciclo de vistorias aos imóveis, assim como ocorreu em janeiro e fevereiro.

Segundo o assessor técnico da Superintendência de Vigilância Epidemiológica do Estado, Fernando Avendanho, a decisão ficará a cargo dos municípios, mas a previsão é a de que não ocorra prejuízo às cidades, já que todos os imóveis passam por nova varredura.

© Copyright 2025Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por
Distribuido por