As aglomerações no Carnaval em Belo Horizonte podem impactar na desaceleração da pandemia. A queda de novos casos da Covid-19 deve ficar mais lenta nas próximas duas semanas, avaliam especialistas. O temor é que mais abusos, com muitos foliões sem máscaras nas ruas, possam ocorrer hoje.
Mesmo proibidos, bloquinhos são registrados em algumas regiões da capital desde o último sábado. Ontem, muita gente se reuniu para curtir uma festa improvisada no bairro Concórdia, na regional Nordeste. A maioria estava sem o equipamento de proteção no rosto. O mesmo vale para as festas particulares, que arrastaram multidões para espaços fechados.
Mesmo em um cenário diferente do vivenciado entre o fim de 2021 e o início deste ano, quando o avanço da variante Ômicron fez disparar as notificações da doença, a situação preocupa, alerta o infectologista e membro do Comitê de Enfrentamento à Covid em BH, Unaí Tupinambás.
“Infelizmente, pode impactar em alguns casos mais graves, principalmente nas pessoas que não estão nas festas, já que as que estão podem levar a infecção para aqueles mais vulneráveis”, disse.
Segundo o médico, a situação ainda deve ser verificada nos próximos dias. No entanto, o avanço da vacinação vai evitar números piores. “Claro que a gente vai observar nessas próximas duas semanas como vai ser esse comportamento. Lembrando que a Ômicron se espalhou de uma forma muito intensa. Mas a gente espera que o impacto não seja tão significativo, principalmente na taxa de infecção e, claro, na mortalidade”, concluiu o infectologista, que também demonstrou preocupação quanto às festas privadas.
Mantenha cuidados
Em BH, para participar de eventos particulares é preciso mostrar um documento que comprove o ciclo de vacinação completo contra a Covid. Apenas a medida, porém, não impede a contaminação.
A infectologista Cláudia Murta, da Santa Casa de BH, reforça que as pessoas devem tomar cuidados. O uso da máscara de proteção não pode ser ignorado. De acordo com a média, o cenário ainda é preocupante devido à circulação da Ômicron.
“A variante que tem uma capacidade de disseminação muito fácil. Sabemos que as pessoas vacinadas têm, em sua maioria, quadros leves. Mas quando temos um número muito grande de casos, corremos o risco do vírus chegar àqueles com maior risco de complicações”, afirmou.
Prefeitura
A Secretaria Municipal de Saúde informou que monitora diariamente os números epidemiológicos e assistenciais da doença. Ainda de acordo com a pasta, “qualquer agravamento que comprometa a capacidade de atendimento será tratado de forma devida, sempre com o objetivo de preservar vidas”.
A prefeitura não ajuda na organização, mas também não proibe. A administração municipal disse que a manifestação espontânea é um direito constitucional. “O respeito ao código de posturas e às leis de trânsito, no entanto, deve ser mantido em todas as situações, estando a prefeitura alerta no sentido de garantir que ambos sejam cumpridos”.
A população pode denunciar casos de abuso pelo aplicativo PBH APP. A Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) foi questionada sobre possíveis impactos e medidas, mas não retornou até o fechamento desta edição.