Nada menos do que 3 bilhões de litros de água são desviados mensalmente por meio de ligações clandestinas em Minas. O volume é suficiente para abastecer metade das residências de Belo Horizonte, segundo estimativa da Copasa. São cerca de 300 mil “gatos”, que vão desde alterações do hidrômetro a desvios na rede. O crime pode render oito anos de cadeia.
Atualmente, Minas tem cerca de 4,5 milhões de ligações de água. As fraudes representam 7%. Em um cenário recente de crise hídrica, com moradores desabastecidos devido ao rompimento de uma adutora, o assunto ganha ainda mais força nesta terça-feira (22), Dia Mundial da Água.
“Parte das ligações irregulares está em área formal, onde a Copasa acredita que os proprietários poderiam arcar com a conta. Para eles, tratamos como caso de polícia. Mas em regiões de vulnerabilidade social, o foco é a conscientização, já que muitos, de fato, não conseguem pagar”, afirma o gerente da unidade de serviço de hidrometria da empresa, Valter Lucas Júnior.
Na tentativa de regularizar o abastecimento, a empresa faz ações de correção e conscientização. Dentre elas, o projeto Engajar, que conta com a participação mulheres com mais de 45 anos das regiões a serem fiscalizadas para facilitar o contato com a população.
Nesta segunda-feira (21), a reportagem do Hoje em Dia acompanhou parte dessa ação no bairro Palmares, em Ibirité, na Grande BH. Lucimar Rodrigues, de 44 anos, é uma das mulheres contratadas. Ela conta que a medida trouxe benefícios.
“Desde o cadastramento, atualização do padrão e correção de irregularidades, as pessoas gostam porque trazemos uma condição que congela a dívida, regulariza o fornecimento e garante a água para quem nem sempre tem acesso fácil”.
Um exemplo é o pedreiro Washington da Silva, de 55 anos. A conta estava apenas no nome da mãe dele, mas todos os filhos faziam usos separados da água, sem falar na dívida da família. Com a regularização do cadastro, a sensação foi de alívio.
“Agora, cada um dos irmãos tem seu padrão, e ficamos mais tranquilos com a dívida congelada”, afirmou.
A expectativa da Copasa é de uma adesão de 90% das famílias com irregularidades no abastecimento até 2023.
Punição
O furto de água é crime previsto no Código Penal. Além dos oito anos de prisão, quem comete a infração têm corte imediato do fornecimento.
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