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A Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais (SES-MG) está investigando o caso de um jovem de 22 anos, de Montes Claros, no Norte de Minas, que morreu poucos dias após ter se vacinado contra febre amarela. A principal hipótese é que o rapaz tenha sofrido uma reação por fazer uso de um medicamento com corticoide – contraindicado para quem vai se imunizar contra a doença. Até o momento, a causa da morte não foi oficialmente esclarecida, segundo a secretaria.
Como os corticoides (também conhecidos como corticoesteroides, cortisona ou cortisol) são bastante utilizados em tratamentos de doenças crônicas, como asma, alergias e artrite, surge a dúvida: qualquer pessoa que faz uso deste tipo de medicamento está impedida de tomar a vacina, mesmo em um momento de surto?
O médico infectologista Argus Leão Araújo esclarece: a contraindicação para a vacina entre pessoas que fazem uso de corticoide varia conforme a dosagem do medicamento. “Quem faz uso contínuo, por via oral, de uma dosagem acima de 20 mg de Prednisona, que é o corticoide mais comum, ou uma dose maior que 2 mg por quilo em crianças de até 10 anos, por um tempo mínimo de 14 dias, não deve tomar a vacina. Essas pessoas estão mais susceptíveis a contrair doenças”, explica o infectologista, lotado na Secretaria Municpal de Saúde de BH.
Já quem faz uso de medicamentos com corticoide por via nasal não precisa se preocupar, de acordo com o médico. “O mesmo vale para quem tem dores crônicas, como quem tem inflamação no ligamento do joelho. Para eles, não há contraindicação para a vacina, pois a dosagem é menor”, explica. Já quem toma um remédio à base de corticoide por via venosa provavelmente terá ainda outras contraindicações para se imunizar contra a febre amarela, por estar passando um tratamento mais forte, segundo o especialista.
Espera de 30 dias
Entre as pessoas que fazem uso de doses altas de corticoide, é preciso esperar 30 dias após o término do tratamento para poder tomar a vacina. Para pessoas que fazem uso de medicamentos imunossupressores, o tempo de espera pode ser maior. “Quem passou por um tratamento de quimioterapia, por exemplo, precisa aguardar três meses e ainda consultar um especialista para saber se pode se vacinar”, orienta..
Para não ficar na dúvida sobre dosagens de medicamentos e riscos, o ideal é conversar com um médico antes de se vacinar ou ainda tirar dúvidas com um agente de saúde treinado no posto de saúde. Fique atento: os corticoides podem estar presentes em medicamentos dos mais diferentes tipos: pomadas, sprays, comprimidos e colírios.
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E se houver uma reação?
A vacina contra a febre amarela é bastante segura, segundo a SES-MG, mas pode gerar reações nos 30 dias após a administração. De acordo com a secretaria, todo evento adverso deve ser investigado e tratado da mesma forma que os casos suspeitos de febre amarela. Se qualquer pessoa vacinada desenvolver os sinais e sintomas comuns para doença em até 30 dias após a vacinação, deve rapidamente procurar o serviço de saúde mais próximo para atendimento.
Quem não deve tomar vacina contra a febre amarela:
- Crianças menores de 9 meses de idade;
- Pacientes com imunodepressão de qualquer natureza;
- Pacientes que vivem com HIV com imunossupressão grave, com a contagem de células CD4 <200 células/mm3 ou menor de 15% do total de linfócitos para crianças menores de 6 anos.
- Pacientes em tratamento com drogas imunossupressoras (corticosteroides, quimioterapia, radioterapia, imunomoduladores);
- Pacientes submetidos a transplante de órgãos;
- Pacientes com imunodeficiência primária;
- Pacientes com neoplasia;
- Indivíduos com história de reação anafilática relacionada a substâncias presentes na vacina (ovo de galinha e seus derivados, gelatina bovina ou outras);
- Pacientes com história pregressa de doenças do timo (miastenia gravis, timoma, casos de ausência de timo ou remoção cirúrgica).
Quem deverá ter avaliação antes da vacina:
- Idosos;
- Nutrizes ou lactantes amamentando crianças abaixo dos 6 meses de idade;
- Pessoas que terminaram tratamento de quimioterapia e radioterapia;
- Pessoas com doenças hematológicas (do sangue);
- Pessoas que vivem com HIV;
- Grávidas;
- Pessoas em uso de corticoide.