Alunos do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFMG publicaram nesta quinta-feira (27), numa rede social, uma nota de repúdio contra a disciplina optativa Casa Grande, que prevê a criação do projeto de uma residência com aproximadamente 800 m² no condomínio Vale dos Cristais em Nova Lima - MG que deveria conter na área de serviço, quartos e banheiros para oito empregados.
No comunicado, os alunos dizem estar indignados "quanto ao racismo e desrespeito contidos no nome e no programa da disciplina de projetos flexibilizados (Pflex) 'Casa Grande' ofertada pelo professor Otávio Curtiss".
"Como discutido em diversas disciplinas na EAD-UFMG, o quarto de empregada, por exemplo, tem como origem a segregação escravista. Ele surge como uma solução para separar empregados e patrões que permaneceram vivendo juntos após a abolição, em 1888", complementam.
Segundo os alunos, ao propor um projeto localizado em um condomínio de alto padrão de Nova Lima e, paralelamente, uma zona de serviço composta de quartos e banheiros para 8 empregados, o professor estaria incentivando-os a projetarem uma casa grande que incorpora a senzala e reforça os moldes de dominação em pleno século XXI.
Procurados pela reportagem, o Diretório Acadêmico da Escola de Arquitetura e Urbanismo - DAEA, informou que já haviam se manifestado por meio da nota e que gostariam de reforçar, apenas, que "o foco é o racismo dentro da instituição e toda carga histórica e cultural que o termo Casa-Grande e a organização residencial em área de serviço x área íntima carregam".
Procurada pela reportagem, a diretoria da Escola de Arquitetura da UFMG informou que irá se posicionar sobre a polêmica somente após assembleia do Departamento de Projetos e do Colegiado do curso.
O caso repercutiu rapidamente nas redes sociais e dividiu opiniões:
Confira a nota na íntegra: