Alunos de Medicina serão expulsos da Unipam por fraude em vestibular

Thaís Mota - Hoje em Dia
02/05/2013 às 18:33.
Atualizado em 21/11/2021 às 03:21

  Quatro estudantes de Mecidina serão expulsos do Centro Universitário de Patos de Minas (Unipam), na região do Alto Paranaíba, sob a acusação de terem contratado dublês para a aprovação no vestibular realizado em novembro do ano passado. Conforme as investigações da Delegacia de Crimes contra o Patrimônio do município, os suspeitos não teriam comparecido ao exame, mas no lugar deles outras pessoas teriam feito a prova apresentando documentos falsos.    As investigações tiveram início após uma denúncia anônima que teria chegado à universidade dando conta de que um dos alunos do curso de Medicina não teria prestado vestibular. A informação então foi repassada pela diretoria da escola à Polícia Civil do município e, na quarta-feira (1°), foram concluídas as investigações que apontaram outros três estudantes que também não estiveram presentes no dia da prova.    De acordo com o diretor de graduação da Unipam, professor Henrique Carivalto, os estudantes já estão sendo notificados a partir desta quinta-feira e não farão mais parte da turma de Medicina que ingressou na universidade em fevereiro deste ano. "Assim que recebemos os resultado das investigações, instauramos imediatamente um procedimento para o desligamento desses alunos. Eles não fazem parte do ensino superior porque não prestaram exame nenhum", disse. Além de serem suspensos, os estudantes serão indiciados pelos crimes de falsidade ideologica, falsidade de documento público e estelionato.   Investigações   Segundo o delegado Luís Mauro Sampaio, que comandou os trabalhos, as investigações tiveram início logo após a denúncia com uma perícia realizada em todas as redações e assinaturas nas provas de gabarito dos estudantes. A partir daí, a polícia começou a ouvir alguns alunos, especialmente aqueles que a perícia encontrou alguma suspeita.    Durante os depoimentos foi possível perceber que alguns estudantes não poderiam ter feito a prova para ingressar no curso de Medicina. "O conhecimento que eles tinham no vestibular não exisita mais quando da oitiva deles na delegacia", destacou o delegado. "Um deles, na prova de redação, teria falado sobre Delfim Neto, Lâmpada de Cícero, citado o livro Casa Grande e Senzala e até utilizado a palavra 'iconográfico', mas ao ser perguntado na delegacia disse que não sabia quem era Delfim Neto, e não conhecia o livro Casa Grande e Senzala, a Lâmpada de Cícero e não sabia nem o que era Homo Sapiens", explicou.   As suspeitas foram confirmadas após o laudo pericial grafotécnico, que comprovou que a letra presente nas provas de redação e na assinatura do gabarito não correspondiam à grafia dos trabalhos da faculdade de Medicina e da assinatura que constava na matrícula dos estudantes.   No entanto, segundo o delegado Luís Mauro, nenhum dos suspeitos confessou o crime formalmente. "Todos negaram, mas anteontem (terça-feira) um deles veio até a delegacia para saber do inquérito e informalmente confessou que tinha pago uma pessoa pra fazer a prova para ele. Mas eu não tinha como colher o depoimento dele na hora e ele também não quis entrar em detalhes porque não estava acompanhado por seu advogado", disse   A polícia suspeita de que os exames tenham sido prestados por membros de quadrilhas especializadas em fraudes de vestibular, contratados por valores que variam entre R$ 20 mil e R$ 50 mil, no caso dos cursos de Medicina. "Possivelmente os dublês são de uma organização maior, uma organização criminosa", aponta Luís Mauro.    Além disso, o delegado ressaltou que nenhum dos estudantes fraudadores é de Patos de Minas, o que reforça a possibilidade de que os criminosos também não sejam. "Eles são da Bahia, Rio Grande do Norte, Goiás e Santa Catarina, ou seja, estados diversos que não Minas Gerais. Isso leva a crer que existe uma organização que centraliza e entra em contato diretamente com os estudantes", concluiu.

© Copyright 2024Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por
Distribuido por