O navegador Amyr Klink é um dos conferencistas da 11ª edição do Seminário Meio Ambiente e Cidadania. O evento, marcado para o dia 12 de junho, é uma iniciativa do Hoje em Dia, com o intuito de gerar reflexão e discussão de temas ligados ao meio ambiente e ao desenvolvimento sustentável. O tema deste ano é “Energias limpas para um planeta sustentável – o desafio das mudanças climáticas”. Klink vai falar sobre “As Mudanças Climáticas na Visão do Viajante”. Autor de cinco livros best-sellers, nos quais conta as próprias experiências e observações, ele vai relatar o que fez e viu em 22 expedições marítimas à Antártida, realizadas em barcos que projetou e construiu no Brasil. Além de navegador, ele é economista e empresário da área de urbanismo. Os livros foram editados em seis idiomas, com venda de mais de um milhão de exemplares. “Sem dúvida, nós contribuímos com o aquecimento global, embora o fenômeno possa ter também relação com um período natural da Terra”, disse Klink, de São Paulo, por telefone. Seminário O seminário será realizado no Teatro Oi Futuro, no Mangabeiras, das 8h30 às 17 horas, com a participação também da coordenadora do Centro de Climatologia da PUC Minas, a meteorologista Adma Raia Silva; o engenheiro eletricista Alexandre Francisco Maia Bueno, superintendente de Tecnologia e Alternativas Energéticas da Cemig; e o assessor da Agência Nacional de Águas (ANA), Maurício Andrés. O aquecimento global será o tema da mesa-redonda de abertura, com palestra de Adma Silva, seguida da participação de Alexandre Bueno, que falará sobre fontes de energias renováveis, juntamente com Maurício Andrés. A última mesa-redonda será sobre “Belo Horizonte e a resposta das metrópoles ao aquecimento global”, com a participação do engenheiro civil Weber Coutinho, gerente de Planejamento e Monitoramente Ambiental da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Recursos Hídricos. O jornalista Américo Antunes coordena o seminário, de interesse de especialistas, ativistas ambientais, representantes de universidades, do poder público, da iniciativa privada e quem mais quiser discutir os desafios enfrentados pelo Brasil diante do aquecimento global e o papel de cada um para reverter o quadro atual de elevação da temperatura da Terra. “O potencial do Brasil é grande, mas tantos são os exemplos de burrice” • Os níveis de dióxido de carbono na atmosfera superaram as 400 partes por milhão (ppm) pela primeira vez na história da humanidade. O que fazer? Embora eu não seja especialista, o crescimento desordenado, a falta de análise de impactos das ações humanas, a mineração, a construção de estradas e tantos outros fatores contribuem para o aquecimento global. É preciso rever os processos de atividades como forma de interromper o modelo urbanístico equivocado. Os prefeitos brasileiros estão preocupados com a mobilidade, o transporte público e a concentração populacional, mas não descobriram não ser possível usar 1.500 quilos (um veículo) para transportar 80 quilos (uma pessoa), assim como não há sentido nos veículos elétricos e híbridos, que causam poluição também. Precisamos encontrar meios mais simples. • Para a próxima grande reunião, com vistas ao Protocolo de Kyoto, em 2015, a fim de tratar da redução dos gases de efeito estufa, em Paris, qual será o desafio dos negociadores? O grande desafio será encontrar resultados práticos para a solução dos problemas e a adesão de todos os países, inclusive os Estados Unidos (um dos grandes poluidores do planeta). Precisamos de soluções práticas. O fato é que temos uma série de consequências que interferem na qualidade da vida na Terra; temos problemas com água, com os estoques de pescados, gastamos muita energia para obter parcos benefícios. Precisamos de um consenso para o uso de energia. • Qual é a situação dos mares? Há como conter a acidez das águas? O problema ainda não afeta as águas brasileiras. O Brasil é um país interessante porque tem diferenças e excelências. Tem o grotesco do atraso convivendo com alta tecnologia. O país e o mundo gastam muito dinheiro com coisas que não deviam. Caso dos Estados Unidos, por exemplo, é um contrassenso. Veja o que fizeram no Iraque, onde são gastos bilhões de dólares numa intervenção equivocada. Por mais incongruente que isso possa ser, realimenta o país economicamente, que tem necessidade de fomentar guerras. Os humanos têm grande capacidade de reação, mas só quando acontecem cataclismos. • O que devemos fazer? É preciso aglutinar os interesses. O Brasil ainda não questiona isso. Ocupa as 200 milhas e tem a Amazônia Azul. Mas usa flotilhas de pesca. Usa grosseiramente a colheita em relação aos oceanos. As águas do Atlântico Sul são pobres em comparação com as do Pacífico. As águas do Atlântico chegam quentes. Entretanto, têm outras formas de vida. Temos as grandes bacias hidrográficas e as usamos muito mal. • Como assim? Aplicamos metodologia pobre em contenção das bordas dos rios, usamos metodologia pasteurizada em todas as soluções. Temos recursos ingênuos e pouco eficientes. Enquanto nos países desenvolvidos eles usam os rios para o transporte de mercadorias, aliviando as rodovias, nós fazemos justamente o contrário. A nossa legislação deixa os rios intocáveis. • A raiz do problema? A questão é que aqui as soluções vêm de governantes incompetentes, ignorantes e corruptos, que fazem obras e não cumprem as exigências. O potencial do Brasil é grande, mas tantos são os exemplos de burrice... Em Santa Catarina e em Recife, os rios tinham de ser navegáveis, mas as pontes são baixas. O problema do Brasil é a pobreza cultural. Precisamos ser observadores. O brasileiro tem medo do mar. E o mar oferece muitas opções, como o pré-sal.