Um ano após a promessa do secretário de Estado de Meio Ambiente, Adriano Magalhães, de criar uma unidade de conservação para proteger áreas de Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica, no Norte de Minas, a situação continua a mesma. Durante a Rio+20, em junho de 2012, ele anunciou a realização de estudos para a preservação de 500 mil hectares de vegetação, equivalente a 800 vezes a área do perímetro da avenida do Contorno, em BH.
Na época, em uma reunião entre secretários de meio ambiente de todo Brasil, Magalhães garantiu que, até janeiro último, os estudos estariam concluídos. A partir de então, faltaria apenas efetivar a unidade conservação, entre os municípios de Bonito de Minas, Cônego Marinho, Itacarambi, Januária, Juvenília, Manga, Miravânia e Montal-vânia.
No entanto, segundo a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Semad), os estudos continuam e só devem terminar em dezembro. Em nota, o órgão informou que, atualmente, estão sendo feitos “levantamentos detalhados da cobertura vegetal e da fauna, bem como outros que possam comprovar o potencial da região e embasar a criação da unidade”.
A área estudada apresenta fisionomias do Cerrado e da Mata Seca em bom estado de conservação. De acordo com o Atlas da Biodiversidade em Minas Gerais, da Fundação Biodiversitas, a região é considerada prioritária para a conservação.
Em 2012, Minas Gerais ganhou, pela terceira vez consecutiva, o título de campeã em desmatamento de Mata Atlântica. A criação da área de proteção foi anunciada na Rio+20 como uma das medidas para ampliar os mecanismos de proteção. Neste ano, o Estado voltou a figurar no topo da devastação.
Para a superintendente executiva da Associação Mineira de Defesa do Ambiente (Amda), Dalce Ricas, o fato é realmente preocupante. “Se a Semad não foi capaz nem de realizar os estudos necessários em um ano, que é a fase mais simples, fica realmente difícil dar crédito ao governo sobre a criação dessa unidade de conservação”, diz.
“Boa parte das unidades de conservação em Minas existem somente no papel”, critica o fundador da ONG Ambiente Brasil, Luiz Eduardo Fontes.