Vinte apanhadores de café foram resgatados pelo Ministério do Trabalho em uma fazenda de Caratinga, Vale do Rio Doce, na manhã desta quarta-feira (29) após denúncia de trabalho escravo. Além da falta de registro e equipamentos individuais de segurança, estavam sem água potável e alojamento adequado. Os trabalhadores são de Genipapo de Minas, no Norte de Minas, para onde voltarão na tarde desta quinta-feira (29), após receberem as verbas rescisórias, todo o acerto pela jornada de trabalho iniciada dia 16 deste mês. Foram os próprios trabalhadores que pediram ajuda e desde o resgate, estão alojados em um hotel da cidade. Segundo o auditor fiscal da Gerência Regional do Trabalho e Emprego em Governador Valadares, Carlos Paixão, os apanhadores foram atraídos com a promessa de pagamento de R$ 15 por balaio de café colhido, mas no local foram informados que receberiam apenas R$ 10. Além disso, eram mantidos em situação degradante. Conforme o auditor, o alojamento tem quartos sem janela ou ventilação, “verdadeiros cubículos” com 1,80 metro de largura por dois metros de comprimento, divididos por até quatro trabalhadores; e os colchonetes das beliches de eucalipto tem densidade de cinco centímetros, quando a legislação exige que seja de 33 centímetros. A instalação elétrica pegou fogo nos últimos dias e a água oferecida para beber e cozinhar não é potável. O local para preparar e armazenar os alimentos oferecidos – arroz, batata, cebola, toucinho e sal - também não era adequado, informou o auditor que classificou a situação como degradante e análoga ao de trabalho escravo. “Nossa parte será encerrada com o pagamento das verbas rescisórias e retorno desses trabalhadores à cidade de origem”, explicou Paixão. Um relatório será enviado ao Ministério Público do Trabalho para a realização de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) que proteja futuros trabalhadores da fazenda e ao Ministério Público Federal (MPF), que decidirá valores das multas e demais sanções a que o proprietário estará sujeito. O proprietário não acompanhou a ação do Ministério do Trabalho e não foi encontrado pela reportagem para falar sobre o assunto.