Apesar de baixa adesão, manifestações em BH terminam em confusão

Danilo Emerich e Alessandra Mendes - Hoje em Dia
07/09/2013 às 22:57.
Atualizado em 20/11/2021 às 21:45

Ao contrário do que se esperava, as manifestações em Belo Horizonte neste feriado da Independência do Brasil ficaram aquém das promessas. Das mais de 15 mil pessoas que confirmaram presença nos protestos pelo Facebook, menos de mil foram às ruas defender suas bandeiras. No entanto, isso não impediu que os protestos terminassem em confusão, com 56 pessoas detidas e dois jornalistas agredidos.

A maior parcela dos manifestantes fez parte do Grito dos Excluídos, tradicional evento da data. O grupo se reuniu abaixo do Viaduto Santa Tereza e foi à Praça, onde se juntou com outro grupo, após o desfile de 7 de Setembro.

Os cerca de 500 manifestantes seguiram até a Praça da Liberdade, entre eles punks e integrantes do grupo Black Bloc. No local, o confronto começou quando um jovem foi preso por tirar a roupa em frente ao relógio que marca da contagem regressiva para a Copa do Mundo.

“Houve reação daqueles que tentaram um resgate jogando pedras e outros objetos nos policiais e foi preciso a intervenção com o uso de armamento não letal”, afirmou o comandante do Batalhão de Policiamento Especializado, Antônio de Carvalho. Muitos integrantes do Black Block foram mobilizados com armas de choque e presos.

Os 12 detidos na Praça da Liberdade foram levados para a 3ª Área Integrada de Segurança Pública (Aisp), no bairro Santo Agostinho. Os manifestantes foram até o local e impediram o trânsito em frente a delegacia, exigindo a liberação do colegas detidos.

Por volta das 17 horas, 11 pessoas tentaram bloquear rua Timbiras e foram revistados pelos policiais. Os manifestantes em frente a AISP avistaram a abordagem e correram para filmar e verificar o fato. Os policiais fizeram um cordão, dispararam um bala de borracha para o chão e deram golpes de cacete em quem filmava a ação.

No mesmo momento, um policial entrou em luta corporal com um manifestante em frente a AISP. O grupo de manifestantes começam a jogar objetos nos policiais, que revidaram com balas de borracha, bomba de efeito moral e de gás lacrimogênio, dispersando o grupo em direção à Praça Raul Soares e liberando a via.

Pedestres e clientes de bares em volta da praça se assustaram com a correria. A faixada de uma agência do Banco Itaú chegou a ser danificada. Ao todo, 45 pessoas foram presas, além de 11 menores apreendidos.

Diversas abordagens e revistas violentas ocorreram no entorno da Praça da Raul Soares. Uma delas ocorreu com o DJ Du Pente. Ele disse que estava em frente à AISP e fugiu para a avenida Olegário Maciel quando estourou uma bomba de gás próximo dele. No local, policiais o abordaram e deram um tiro de bala de borracha na sua perna direita. Após revista, ele e mais duas pessoas foram liberadas. “Somente me pararam porque sou negro, assim como os outros dois que foram revistados comigo”, acusou.

Dois jornalistas ficaram feridos no início da confusão em frente a AISP. O repórter do jornal O Tempo, Lucas Simões, e o fotógrafo do jornal Contramão, da universidade UNA, João Alves Vítor, de 20 anos, foram atingidos por trás. Lucas teve um ferimento leve na mão, mas sem necessidade de atendimento médico. Já João sofreu um corte na nuca e precisou ser encaminhado à uma unidade de saúde.

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