Apesar de menor que em março, novo protesto deixa organização satisfeita

Aline Louise, Tatiane Moraes, Ezequiel Fagundes e Thiago Ricci - Hoje em Dia
16/08/2015 às 16:01.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:22
 (Luiz Costa/ Hoje em Dia)

(Luiz Costa/ Hoje em Dia)

Finalizada a manifestação contra o governo Dilma, neste domingo, os líderes dos movimentos que convocaram o ato pelas redes sociais avaliaram como positivo, apesar do menor número de participantes, em relação ao protesto de 15 de março deste ano, quando cerca de 30 mil pessoas foram às ruas.

"Desta vez havia menos pessoas do que na primeira manifestação, mas, quem veio, sabia o que queria. O primeiro ato foi mais no impulso. Esse foi mais consistente", disse Katia Pegos, uma das líderes em BH do movimento "Vem pra Rua". Ela estimou 15 mil pessoas na Praça da Liberdade. A Polícia Militar contabilizou cerca de 6 mil pessoas.

Mais otimista na estimativa de participantes, o líder do "Movimento Pró Brasil" (MPB), Cistiano Guimarães, acredita que cerca de 20 mil pessoas estiveram no ato em BH. "Foi excelente. Dobramos a meta, após deixarmos em aberto", disse, ironizando fala da presidente Dilma. Ele ainda ressaltou que tudo correu de forma pacífica. "Foi uma passeata ordeira, sem nenhuma quebradeira. Vamos continuar até derrubar a Dilma", concluiu. Segundo a Polícia Militar, a manifestação transcorreu com tranquilidade, apenas uma pessoa foi detida e cinco ficaram feridas num conflito entre vendedores ambulantes e fiscais da prefeitura, logo no início do ato.

"Foi ótimo, só não foi dentro do esperado porque estávamos aguardando 20 mil pessoas e apareceu mais do que isso. O PT tem que sair, não importa se for renúncia ou impeachment. E, quando cair, vai começar nosso trabalho de verdade, fiscalizando qualquer desvio de conduta. Continuaremos em cima. Temer (vice-presidente) é ruim, mas não é comunista", disse o estudante de Relações Internacionais, Ivan Gunther, coordenador geral do Movimento Brasil Livre.

"Aécio presidente"

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, também marcou presença no ato contra o governo federal. Ao som do hino nacional, ele foi ovacionado pelos demais manifestantes, aos gritos de "Aécio presidente"!

O tucano chegou à Praça da Liberdade por volta de 11h30, fez um sucinto discurso no carro de som e foi embora na sequencia, carregado por aliados. “O país despertou. Chega de corrupção. Meu partido é o Brasil”, declarou.

Irreverência

Também participou do ato o "Bloco da Papuda", nome que  faz referência a penitenciária de Brasília, onde ficaram os condenados do mensalão. O bloco se concentrou no ginásio do Minas Tênis Clube, na rua da Bahia e seguiu em direção a Praça da Liberdade, se unindo aos demais.

O grupo levou para rua bonecos do juiz federal Sérgio Moro, do governador Fernando Pimentel, da mulher dele Carolina de Oliveira, da presidente Dilma Rousseff e o do ex-presidente Lula. Eles desfilaram em alas que receberam nomes de fases da operação Lava Jato, Erga Omnes e Acrônimo.

A empresária do ramo imobiliário Regina Barbosa foi mais ousada e chamou atenção por protestar seminua, em frente ao Palácio da Liberdade. Com o corpo pintado em alusão a um esqueleto e dentro de uma grade, ela explicou sua performance: "estou assim porque a Dilma está nos deixando despidos, sem esperança, sem fé. E o esqueleto é porque os brasileiros estão morrendo nos hospitais públicos, igualmente sem esperança".

Confusão

Logo no início da manifestação, pela manhã, vendedores ambulantes e manifestante que vendiam material como bandeiras e camisetas entraram em atrito com fiscais da prefeitura de BH. Segundo o vendedor de água Wanderlei Rodrigues, um dos agentes o agrediu na cabeça com o rádio comunicador. O sobrinho dele, Fábio Henrique, disse que tentou apartar a briga e acabou preso.

O gerente de fiscalização da PBH, Cristiano Nicodemos, alegou que os agentes apenas revidaram às agressões dos ambulantes. De acordo com o tenente-coronel Vitor Araújo, apenas a venda de água e pipoca foi permitida. Os pipoqueiros já possuem autorização para o comércio ambulante.

Porém, fiscais chegaram a tentar recolher de manifestantes bandeiras e outros produtos que eram vendidos para o protesto, em desacordo com o Código de Posturas da cidade. Eles foram "expulsos" sob gritos de "vagabundos", "petistas". Um dos responsáveis pela venda dos produtos, Maurício Vidal, justificou que não se tratava de comércio. "Isso não é material comprado com dinheiro particular. Não é uma venda direta. Contribui quem quer. O importante aqui é tirar a Dilma", disse.

Ambulantes reclamaram que houve tratamento diferenciado entre eles e os manifestantes por parte dos fiscais. O secretário regional Centro-Sul da PBH, Marcelo de Souza e Silva, que participava do ato, com camiseta amarela, negou esse procedimento. Segundo ele, não houve venda de materiais na Praça da Liberdade. "É uma forma de doação. A pessoa doa um valor e recebe um brinde em troca. É diferente de venda", explicou.

Intervenção militar

Alguns manifestantes defendiam, além da saída de Dilma, a intervenção militar. Esse grupo era representado pelo trio elétrico batizado de Interv Brasil. Com uma faixa "Comunismo está sendo implantado" no carro de som, os integrantes se revezavam ao microfone para criticar os partidos, incluindo PT e PSDB, e a classe política como um todo.

"Nos mobilizamos logo quando a Dilma Rousseff foi reeleita. O PT é a maior organização criminosa do mundo. Trocamos informações pela internet com denúncias contra o governo que a mídia não pública", afirmou o integrante André Basílio, administrador de empresas. Para ele, o Mensalão comprovou a falência dos três poderes.

"Houve envolvimento do Executivo e Legislativo. O Judiciário condenou mensaleiros, mas não anulou as leis aprovadas ilegalmente. A Constituição afirma que, entre as atribuições das Forças Armadas, está manter a independência entre os poderes. Todos os poderes estão corrompidos", conclui. E ainda exaltou a ditadura. "Na época tínhamos segurança, saúde e educação de qualidade. Não houve censura. Os militares precisaram acabar com terroristas que queriam implantar comunismo. Por isso o AI5, por exemplo. Precisamos da intervenção já".

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