Após cinco horas de depoimento, juíza encerra primeiro dia de julgamento

Thaís Mota e Renata Evangelista - Hoje em Dia
04/03/2013 às 19:21.
Atualizado em 21/11/2021 às 01:33
 (Eugênio Moraes)

(Eugênio Moraes)

Primeira testemunha a ser ouvida no julgamento do goleiro Bruno Fernandes e sua ex-mulher, Dayanne Rodrigues, a delegada Ana Maria Santos falou por mais de cinco horas sobre a investigação e os depoimentos colhidos ainda durante a fase de inquérito do desaparecimento de Eliza Samudio. Após a fala da delegada, a juíza Marixa Fabiane Lopes encerrou a primeira sessão do júri, por volta das 19h20, e o julgamento deve ser retomado nesta terça-feira (5) às 9 horas. Na época, a delegada ouviu a ex-mulher do atleta, Dayanne Rodrigues, e o motorista do goleiro, Wemerson Marques de Souza, o "Coxinha", ambos réus no processo. Além deles, o primo de Bruno e uma das peças-chave do processo, Jorge Luiz Rosa, também foi ouvido e teria relatado detalhes sobre a morte da ex-modelo. 

Ao final da fala da delegada, o advogado Lúcio Adolfo, que defende o goleiro Bruno, tentou desqualificar o primeiro depoimento de Jorge Luiz relatado por Ana Maria durante o julgamento. O defensor insinuou que o então adolescente seria usuário de drogas e suas falas deveriam ser desconsideradas.

Ana Maria Santos garantiu ainda nunca ter visto o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o "Bola", apontado como o executor do assassinato de Eliza Samudio. No entanto, ao ser perguntada pelo advogado Lúcio Adolfo sobre o o ex-policial José Lauriano de Assis Filho, o "Zezé", a delegada confirmou que o conheceu na época que estudava e fazia estágio. Zezé teve seu nome ligado ao crime, mas não foi denunciado pelo Ministério Público.   Depoimentos   De acordo com Ana Maria, "Coxinha" contou como teria recebido o filho do goleiro Bruno com Eliza Samudio, o Bruninho, com o objetivo de esconder a criança por causa da movimentação da polícia no sítio do atleta. Além disso, o motorista contou que Dayanne, que entregou-lhe o bebê, o orientou a chamar a criança pelo nome de Ryan Yuri e pediu que ele a levasse para outro lugar.    Durante seu depoimento, "Coxinha" se dispôs a levar a polícia até o local onde estava escondido o bebê e após diligências em três residêndias, a criança foi encontrada na casa de uma moça identificada como Geisla, 14 dias após o desaparecimento de sua mãe.   Sobre o depoimento de Jorge Luiz Rosa, menor à época dos fatos, a delegada garantiu que ele parecia tranquilo e contou detalhes sobre o crime. O primo de Bruno teria confessado que deu uma coronhada na cabeça de Eliza Samudio ainda no Rio de Janeiro e disse que enquanto permaneceu no sítio do goleiro Bruno, em Esmeraldas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, a ex-modelo tinha sua liberdade restrita.   O jovem teria confessado ainda que estava no carro que levou Eliza Samudio para a morte. Jorge relatou à polícia ter visto um homem passar o braço direito sobre o pescoço de Eliza Samúdio para asfixiá-la. Neste momento, este mesmo homem teria pedido para Luíz Henrique Ferreira Romão, o "Macarrão", amarrar as mãos da ex-modelo para frente, pedido que foi prontamente atendido.   Leia mais sobre o depoimento da delegada: Delegada é a primeira testemunha a ser ouvida no Fórum de Contagem Delegada garante que primo de Bruno teria reconhecido "Bola" Delegada diz que conhecia ex-policial investigado pela morte de Eliza Samudio   O braço-direito do goleiro Bruno Fernandes, então, passou a chutar Eliza. Ainda segundo o então menor, o homem teria pedido para que todos saíssem do local e, cerca de uma hora depois, o mesmo homem teria aparecido com um saco preto nas mãos e informado que o corpo de Eliza estava lá. O menor ainda continuou seu depoimento contando que viu um pedaço do membro da vítima, identificado como a mão, sendo lançado para cães.     Jorge fez ainda uma descrição do suspeito de matar Eliza Samúdio. O jovem relatou que ele tinha uma falha na arcada dentária. Além disso, quando uma fotografia do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o "Bola" foi mostrada para o menor ele teria dito: "Deus me livre. É esse aí". Na semana passada, porém, durante uma entrevista ao programa Fantástico da Rede Globo o jovem contou uma outra versão e disse nunca ter ouvido falar sobre o "Bola".   Já em relação ao depoimento de Dayanne Rodrigues, a delegada Ana Maria Santos contou que durante a oitiva não houve nenhuma pressão sobre ela. A ex-mulher de Bruno sempre mostrou tranquilidade em suas falas e a delegada desmentiu a informação que circulou na mídia de que a ex-mulher do goleiro havia sido torturada para contar o que sabia.   Pouco tempo depois dos boatos, conforme Ana Maria, as informações se mostraram inverídicas. Dayanne Rodrigues, inclusive, admitiu que escreveu uma carta relatando a denúncia de tortura sob a orientação do advogado Ércio Quaresma. O defensor teria dito que era para "amaciar a situação dela durante o julgamento". Posteriormente, Dayanne foi absolvida do crime de denunciação caluniosa.   Entenda o caso   Eliza Samudio está desaparecida desde o dia 4 de junho de 2010, quando fez um último contato telefônico com uma amiga. Segundo a polícia, ela foi morta e teve seu corpo esquartejado. No entanto, os restos mortais da ex-modelo não foram localizados até hoje.    Acusado de homicídio triplamente quaificado, sequestro, cárcere privado e ocultação de cadáver, o goleiro Bruno está sendo julgado esta semana. Segundo a acusação, o atleta seria mandante do crime. Além dele, está sendo julgada também sua ex-mulher Dayanne Rodrigues, que responde por sequestreo e cárcere privado.   O ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o "Bola", é acusado de matar Eliza Samudio. Ele responde pelos crimes de homicídio duplamente qualificado, sequestro, cárcere privado e ocultação de cadáver. O julgamento de "Bola" está marcado para ocorrer no dia 22 de abril.   O ex-policial, o goleiro Bruno e sua ex-mulher Dayanne Rodrigues tiveram o processo desmembrado durante o júri popular que ocorreu de 19 a 23 de novembro do ano passado, no Fórum Doutor Pedro Aleixo, em Contagem. Na ocasião, apenas Luiz Henrique Romão, o "Macarrão", e Fernanda Gomes Castro, ex-namorada de Bruno, foram julgados. Macarrão foi sentenciado a 15 anos de prisão e Fernanda a cinco no regime aberto.   Além deles, ainda serão julgados o ex-caseiro do sítio de Bruno, Elenilson Vítor da Silva e o motorista do atleta, Wemerson Marques de Souza, o "Coxinha". Os réus respondem por sequestro e cárcere privado e devem ser julgados em 15 de maio.

Atualizada às 19h28

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