Arquivo Público de BH chega aos 25 anos com expansão da digitalização do acervo

Renato Fonseca
rfonseca@hojeemdia.com.br
09/04/2016 às 17:26.
Atualizado em 16/11/2021 às 02:52
 (Flávio Tavares)

(Flávio Tavares)

Descendente de italianos, Ernesto Tocafundo, de 74 anos, se debruçou nos manuscritos envelhecidos do cemitério do Bonfim para obter informações do sepultamento de um tio-avô. Já o doutor em história James William Goodwin Júnior, 50, recorreu a documentos das primeiras décadas do século 20 para concluir trabalho acadêmico sobre a utilização do telefone na metrópole mineira. E o fotógrafo Luiz Gimenes, 64, buscava imagens antigas do aeroporto Carlos Prates para postar no blog de aviação.

Diferentes pesquisas, mas o mesmo acervo em comum. Os três visitaram na última semana o Arquivo Público de Belo Horizonte. O espaço que preserva e coloca ao alcance de todos a história da capital completa 25 anos de fundação. Para celebrar as bodas de prata do guardião da memória, o imóvel do bairro Floresta, na região Leste de BH, será ampliado, assim como a digitalização dos documentos, além da criação de um selo comemorativo.

Visitantes

Estudantes e acadêmicos estão entre os principais frequentadores. Quem vai à instituição encontra mapas, plantas, projetos arquitetônicos, revistas, filmes, á[/TEXTO]udios, dentre outros materiais. Alguns, datados do fim do século 19, remontam aos primórdios da construção da capital. Há até notas sobre dívidas públicas e recolhimentos de impostos de diferentes atividades econômicas desenvolvidas na cidade.

Na sala de consultas, é possível acesso a mais de 600 mil fotografias, por exemplo. “Venho aqui há muitos anos e mudou muito”, afirma o historiador James Júnior. Segundo ele, o acervo é vasto e as pesquisas dependem, “e muito”, da ajuda dos profissionais. “Eles sabem de cabeça onde está um determinado livro. São muito dedicados e ajudam bastante”. 

Mais de 200 mil laudas de documentos do acervo do Arquivo Público de BH foram escaneadas para disponibilização na internet; processo de digitalização será ampliado neste ano, diz direção

Dedicação essa comprovada em um rápido giro pelas instalações ao lado da chefe do Departamento de Tratamento, Pesquisa e Acesso, Lilian Leão. Atenciosa, ela conta com detalhes o que está guardado em cada cômodo. Segundo ela, se todos os documentos do acervo fossem colocados lado a lado, seria possível ter 1,2 quilômetro lineares de papel.

Conforme Lilian, várias atividades são realizadas ao longo do ano. Ela cita o projeto “Educação Patrimonial”, que leva estudantes ao local para conhecerem o processo de guarda. “Os alunos aprendem sobre a preservação e valorização do patrimônio”, diz a chefe do departamento.

Ampliação

Um terreno de 600 metros quadrados, ao lado do Arquivo Público, acaba de ser adquirido e será integrado à unidade. Inicialmente, o espaço abrigará o acervo do Museu de Arte da Pampulha (MAP), que será fechado em junho para obras de reestruturação, previstas para durar cerca de dois anos.

Atuando há dez anos no espaço, onde começou como estagiário, o atual diretor do Arquivo Público, Yuri Mello Mesquita, conta que, desde 2013, cerca de R$ 4,5 milhões foram investidos. Salas passarão por modernizações com a compra de mobiliário e novos equipamentos.

“O arquivo é vivo. Está constantemente em expansão, recebendo documentos textuais”, diz Yuri Mesquita, que tem como “xodó”, em meio à vasta coleção, as fotografias antigas. 

O presidente da Fundação de Cultura de Belo Horizonte, Leônidas Oliveira, faz questão de reforçar o processo de expansão e modernização ocorrido no Arquivo Público.

“A importância do espaço para a administração pública transcende a guarda de documentos, sua vocação original. Ele trabalha a memória da cidade”, afirma.

© Copyright 2024Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por
Distribuido por