Implantado para garantir uma durabilidade superior a 20 anos, o pavimento de concreto da pista exclusiva para ônibus da avenida Antônio Carlos, em Belo Horizonte, não suportou nem um terço do tempo previsto. A primeira etapa da obra de duplicação, inaugurada em 2007, já dá os primeiros sinais de deterioração.
Há buracos, deformações na pista e remendos mal executados ao longo de pouco mais de um quilômetro, entre os bairros Aparecida, na região Noroeste, e São Francisco, na Pampulha.
Especialista em engenharia de tráfego, Frederico Rodrigues é categórico. “Algo está errado”, afirma. Ele lembra que o pavimento de concreto é mais caro que o de asfalto justamente por oferecer mais durabilidade. “A vida útil é longa e não requer frequentes manutenções”.
Na avaliação de Rodrigues, duas alternativas podem justificar as falhas. “Ou foi um erro de execução da obra, no momento do processo de concretagem, ou de concepção, quando o cálculo da quantidade de veículos que trafegam no local pode ter sido equivocado”, aponta.
Dilatação
Perito em engenharia, o presidente do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de Minas Gerais (Ibape-MG), Frederico Correia Lima Coelho, afirma que, em um dos pontos deteriorados, houve um reparo mal executado. “Alguém fez um corte na via e a recuperação não foi a adequada. Em outros locais, há desagregação do pavimento no entorno das juntas de dilatação”, diz Coelho.
Ainda segundo ele, isso pode ter sido ocasionado por uma movimentação da estrutura maior do que a prevista ou pelo peso de veículos acima do projetado para o local. Para o perito, é pouco provável que os problemas sejam relativos à falta de manutenção.
O primeiro trecho finalizado da obra de duplicação da avenida Antônio Carlos, de 1,3 quilômetro, foi entregue à população em junho de 2007, há exatos seis anos. O trânsito no local passou por grandes mudanças. Foram construídas alças de interligação da avenida Presidente Antônio Carlos com o Anel Rodoviário, instaladas nova iluminação e rede de drenagem e construída uma trincheira sob a avenida, permitindo a interligação das avenidas Bernardo Vasconcelos e Américo Vespúcio.
Outro lado
A Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) foi procurada ontem, mas não respondeu aos questionamentos da reportagem.