Associação quer evacuação imediata após barragem de Brumadinho ter nível de emergência elevado
Após aumento no grau de risco, associação de familiares de vítimas da tragédia de 2019 cobra ações urgentes do governo
Medida gerou preocupação na comunidade local e entre entidades que acompanham a situação das barragens na cidade (Divulgaçâo / ANM)
A Agência Nacional de Mineração (ANM) elevou para 2 o nível de emergência da barragem B1-A, pertencente à Emicon Mineração e Terraplanagem, localizada em Brumadinho, na Grande BH. A medida determina a evacuação preventiva dos moradores da Zona de Autossalvamento (ZAS), que fica na região do Vale do Ingá.
Segundo a ANM, não foi registrado risco iminente de rompimento, mas foram identificadas condições de "estabilidade marginal" na estrutura da Barragem B1-A
A barragem B1-A não tem relação com a barragem B1, da Vale, também em Brumadinho, que rompeu em 2019 e matou 280 pessoas. Mas a decisão reacendeu a apreensão na cidade.
Nesta quinta-feira (24), a Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem Mina Córrego do Feijão (Avabrum) manifestou preocupação diante da nova elevação do nível de risco.
"É doloroso e, ao mesmo tempo, revoltante constatar que a fiscalização e a prevenção continuam insuficientes, colocando vidas e o meio ambiente em grave perigo. Mesmo após as tragédias-crime de Mariana e Brumadinho, causadas pela negligência, omissão e ganância, as lições de respeito à vida não foram aprendidas", declarou a associação em nota.
Em resposta ao agravamento do nível de risco da barragem, a Avabrum anunciou que buscará o governo do Estado, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e a ANM, com o objetivo de exigir a evacuação imediata das áreas consideradas de risco. Para tanto, a associação reivindica:
- Aceleração das ações de emergência e evacuação imediata das áreas de risco potencial.
- Revisão urgente dos planos de segurança da barragem, com fiscalização rigorosa e participação de especialistas independentes.
- Responsabilização dos gestores e empresas responsáveis pelo monitoramento da barragem.
- Implementação de uma política efetiva de prevenção, que vá além de medidas paliativas e garanta a proteção real da sociedade.
- Transparência na comunicação com a população, com informações claras e atualizadas.
- Realização de visitas técnicas com especialistas independentes em mais de 30 barragens de Minas Gerais que se encontram em estado crítico.
O que diz a Prefeitura de Brumadinho?
A barragem B1-A, agora classificada no nível 2 de emergência – medida que requer a evacuação preventiva dos moradores da Zona de Autossalvamento (ZAS) –, está sendo acompanhada por uma comissão emergencial da prefeitura de Brumadinho, composta por membros da Defesa Civil, do Corpo de Bombeiros e de diversas secretarias municipais.
De acordo com o prefeito Gabriel Parreiras, embora não haja indícios de ruptura iminente, a falta de estudos de estabilidade obrigatórios, monitoramento adequado e sistemas de alerta eficazes motivou a elevação do alerta.
O executivo municipal informou que está realizando um levantamento das famílias que residem em áreas próximas à barragem B1-A. Até o momento, foram identificados 29 pontos de interesse, nos quais vivem seis famílias que serão preventivamente realocadas. Destas, apenas uma família necessita do apoio do poder público para moradia, enquanto as demais já tomaram providências para se hospedar com parentes ou alugar imóveis por conta própria.
"A evacuação será feita de forma programada e organizada, conforme previsto para situações de nível 2 de emergência, sem necessidade de retirada imediata. Não há previsão de uso de abrigos públicos, pois essa medida é considerada apenas como última alternativa", detalhou a prefeitura em nota.
"Reforçamos que, neste momento, não há risco iminente de rompimento. As medidas adotadas são preventivas, atendendo à legislação, e visam a segurança da população", enfatizou a administração municipal.
A reportagem entrou em contato com a mineradora Emicon Mineração e Terraplanageme e aguarda retorno.