Atendimento ruim em hospitais de BH causa mortes

Danilo Emerich - Hoje em Dia
02/06/2013 às 07:52.
Atualizado em 20/11/2021 às 18:45

A cada dez mortes de mulheres grávidas em Belo Horizonte, praticamente nove são evitáveis. É a conclusão da tese de doutorado da demógrafa Lilian Valim Resende. O estudo constatou que os óbitos não estão ligados à falta de acesso a procedimentos médicos, mas à precariedade do atendimento e dos serviços, tanto na rede de saúde pública quanto na privada.

A pesquisadora da UFMG investigou dados do Comitê de Prevenção do Óbito Infantil, Fetal e Materno da Secretaria Municipal de Saúde, de 2003 a 2010. Foram registradas 180 mortes maternas em BH, 137 delas relacionadas à gestação.

De 99 óbitos passíveis de classificação, 86 foram considerados evitáveis (86,8%), oito provavelmente evitáveis (8,8%), dois provavelmente inevitáveis (2%) e três inevitáveis (3%). Pré-eclâmpsia e eclâmpsia foram o que mais vitimou gestantes.

Deficiências

“O acesso à saúde não é o problema, mas sim o atendimento no tempo oportuno e o uso de tecnologia apropriada”, diz Lilian Resende. Segundo ela, relatos de parentes sugerem falhas na assistência dada às mulheres.

Entre os fatores por trás das mortes estão a ausência de atenção qualificada do pré-natal ao pós-parto, a não valorização das queixas das mulheres, a falta de vinculação a um hospital de referência e a alta precoce.

Para a demógrafa, algumas medidas poderiam salvar vidas. Entre elas, melhorar e humanizar a relação médico/paciente, captar precocemente a gestante para o pré-natal, fazer o encaminhamento ao pré-natal de alto risco e promover a busca ativa das grávidas que interromperam o acompanhamento.

A técnica em radiologia Rosilene Matias Sena, de 30 anos, sabe da importância da atenção médica durante a gestação. “Iniciei o pré-natal a tempo. Espero que tudo corra bem”, diz ela, grávida de sete meses.

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