(Editoria de Arte do Hoje em Dia)
O tabagismo é considerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) uma das maiores causas de morte evitável no mundo. Dados alarmantes revelam que, atualmente, o hábito de fumar mata mais de 8 milhões de pessoas por ano. Pesquisa realizada na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), que, antes de tudo, apela aos jovens, em especial, e às pessoas, em geral, que não adquiram o hábito de fumar, revela a importância do combate ao sedentarismo também entre fumantes.
“Fizemos uma investigação sobre o comportamento de variáveis fisiológicas vinculadas ao sistema cardiovascular em resposta imediata ao exercício físico em indivíduos fumantes”, detalha a responsável pelo estudo, professora de Educação Física e doutora em Saúde pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Natália Portela.
Integrante do grupo de pesquisa Unidade de Investigação Cardiovascular e Fisiologia do Exercício e aluna do Programa de Pós-Graduação em Saúde/UFJF, Natália Portela aponta que o estudo é motivado pelo fato de que o tabagismo, tanto de forma crônica quanto aguda, causa prejuízos à saúde cardiovascular, como alterações no controle autônomo e diminuição da função vascular.
Por outro lado, diz a pesquisadora, na população em geral, é documentado que o exercício físico pode promover melhora do controle autônomo e aumento da função vascular. Sendo assim, é possível supor que esses mesmos benefícios na saúde cardiovascular possam ser observados em indivíduos tabagistas.
A pesquisa se deu por um ensaio experimental controlado. Foram recrutados, como voluntários, conta a professora, homens jovens, não obesos, sedentários, aparentemente saudáveis, divididos nos grupos tabagista ou não tabagista. Seguiram até o fim do estudo 90 deles.
Ainda de acordo com a professora Natália Portela, todos os voluntários passaram, antes do início do trabalho, por avaliação clínica cardiológica e avaliação funcional pulmonar.
Em seguida, os voluntários foram submetidos a avaliações de vários parâmetros fisiológicos relacionados ao sistema cardiovascular. Essas medidas foram repetidas na situação de repouso e na fase de recuperação das sessões de exercício físico aeróbio ou sessão controle. Ambas as sessões de exercício físico foram realizadas em bicicleta ergométrica, variando a duração do exercício.
RESULTADOS
As informações colhidas como resultado da pesquisa, aponta Natália Portela, reforçam a indicação de exercícios físicos para a população de adultos jovens fumantes, principalmente os de duração prolongada, visando melhorias, em especial, para a saúde dos vasos sanguíneos. Esses ganhos podem ser de fundamental importância para pessoas fumantes, já que o hábito do fumo se caracteriza como fator de risco independente para problemas cardiovasculares e mortalidade, frisa ela.
A prática de exercício físico regular por homens fumantes jovens, revela o estudo, parece resguardar a perda de capacidade física e mitigar o dano do cigarro aos vasos. Essa informação, no entanto, frisa Natália Portela, não sustenta a ideia de que a população continue fumando, desde que se exercite, já que o hábito de fumar pode levar a outros problemas graves, como diversos tipos de câncer, doenças pulmonares, doença arterial periférica.
Assim, a pesquisadora diz que o estudo leva a entender que o exercício físico deve ser feito para promover benefícios na saúde a curto e longo prazos, no sentido de atenuar a agressão do cigarro no sistema cardiovascular. Ela pondera que a atividade física pode ser também excelente ferramenta no tratamento para que as pessoas deixem de fumar. Isso porque, complementa, o exercício físico pode ajudar a reduzir sintomas de abstinência, promover bem-estar e socialização.