(Ricardo Bastos / Hoje em Dia)
Apesar do início pacífico, o protesto de centenas pessoas contra o aumento da passagem dos ônibus, no Centro de Belo Horizonte, foi marcado pelo confronto entre os manifestantes e policiais militares, na noite desta quarta-feira (12). Segundo a PM, 250 pessoas participaram do ato. Já os organizadores do movimento falam em 5 mil integrantes. O ato teve início no fim da tarde na Praça 7, no Centro da capital, organizado por meio de redes sociais, pelo Tarifa Zero e Movimento Passe Livre BH (MPL-BH). Pouco depois do início da passeata do grupo, policiais do Batalhão de Eventos da Polícia Militar, na rua da Bahia, dispararam balas de borracha, bombas de efeito moral e gás lacrimogênio contra os manifestantes. Assista ao momento em que a PM dispersou os manifestantes com as bombas:
Integrantes do protesto relataram que ao subir a rua da Bahia, encontraram um bloqueio e tentaram negociaram com policiais. Eles foram requisitados para liberar uma faixa da via para o trânsito. Segundo os manifestantes, o acordo foi feito, mas ao virar as costas, os militares começaram a atacar o grupo. Muitas pessoas correram para dentro de prédios próximos, principalmente o Hotel Sol. A PM perseguiu os manifestantes, cercou o local e deteve várias pessoas no local. O interior do hotel ficou com forte cheiro de gás lacrimogênio. Confira a galeria de fotos do protesto:
Segundo o integrante do Movimento Tarifa Zero, Fidélis Alcantra, ao menos dez pessoas que estavam no protesto já teriam sido presas e conduzidas para local ainda não informado e outros três teriam ficado feridos. No total, 53 foram detidas. Após os ânimos se acalmarem, muitos manifestantes foram detidos dentro do Hotel Sol e passaram por triagem. Segundo o capitão Carlos Henrique Luiz, as prisões foram feitas sob a suspeita de desobediência a ordem policial e invasão de propriedade particular. O militar ainda afirmou que a ação da PM ocorreu após manifestantes terem jogado objetos nos policiais e para a liberação da via. Pais e advogados tentam acesso ao hotel, mas foram impedidos de entrar devido a barreira feita pela PM. O defensor Silvio Carvalho, alegou que mesmo apresentando documentação, foi ignorado por militares, o que ele considera uma violação de direitos. Os detidos seriam levados para a Central de Flagrantes (Ceflan) II da Polícia Civil e dois menores para o Centro Integrado de Atendimento ao Adolescente Autor de Ato Infracional de Belo Horizonte (CIA/BH). Durante a retirada, uma nova confusão se formou. Bombas de gás foram lançadas sobre os manifestantes e até sobre a imprensa. Segundo a defensora Junia Romam Carvalho, não houve negociação com a PM para liberar os detidos. "Entendemos que foi uma manifestação pacifica. Prova de que estas pessoas se refugiaram no hotel das bombas e gás é que nós estávamos passando mal lá dentro. Estamos preocupados com esta situação", disse. O repórter fotográfico do Jornal O Tempo, Denilton Dias, ficou ferido por um tiro de bala de borracha na perna e foi levado para um hospital. Um dos manifestantes também chegou a postar a imagem com a perna ferida após ser atingido por um projétil de menor potencial ofensivo. (function(d, s, id) { var js, fjs = d.getElementsByTagName(s)[0]; if (d.getElementById(id)) return; js = d.createElement(s); js.id = id; js.src = "//connect.facebook.net/pt_BR/sdk.js#xfbml=1&version=v2.3"; fjs.parentNode.insertBefore(js, fjs);}(document, 'script', 'facebook-jssdk'));
O grupo se concentrou no local às 17h30 e cerca de uma hora depois, bloqueou o trânsito totalmente nas avenidas Afonso Pena e Amazonas, no entorno do Obelisco. Após alguns minutos, os manifestantes deixaram o monumento e seguiram pela avenida Afonso Pena, em direção à Prefeitura de BH, mas depois seguiram pela rua da Bahia. Em função do protesto, o trânsito ficou complicado em todo o Hipercentro de BH no início da noite. Confira vídeos do protesto no começo da noite na região central de BH:
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Reajuste O reajuste autorizado pelo Executivo foi de 9,68%. Os valores das tarifas dos ônibus e das linhas integradas ao metrô subiram de R$ 3,10 para R$ 3,40. Os circulares saltaram de R$ 2,20 para R$ 2,45. Os transportes das linhas curtas e longas passaram a custar R$ 5,15 e R$ 6,40, respectivamente. Já pela corrida do táxi-lotação, o passageiro agora paga R$ 3,75, valor que antes era R$ 3,40. As tarifas dos suplementares variam de R$ 2,45 a R$ 3,40, dependendo da linha. Briga na justiça A liminar que suspendia o reajuste foi cassada pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais no início da noite de sexta-feira (7). O aumento das tarifas de ônibus e táxi-lotação foi publicado no dia 31 de julho no Diário Oficial do Município (DOM). A previsão era de que o novo valor entraria em vigor a partir do dia 4 de agosto. No entanto, a Defensoria Pública entrou com um recurso no mesmo dia da divulgação dos novos valores e o reajuste foi suspenso pela 4ª Vara da Fazenda Pública Municipal. Na ocasião, a Defensoria pediu 180 dias de suspensão até que fossem verificados os custos operacionais do sistema. Durante a semana, a Prefeitura de Belo Horizonte entrou com recurso para garantir o aumento tarifário. Nova tentativa A Defensoria Pública de Minas Gerais protocolou nessa terça-feira (11) uma nova Ação Civil Pública (ACP), com pedido de liminar, suspendendo o aumento das passagens de ônibus em Belo Horizonte. Na ação, a defensoria questiona as divergências presente nos estudos que apontam redução no número de passageiros, prejuízo com a não finalização do projeto do Move e elevado custo de manutenção do serviço. A ação, que será analisada pela 4ª Vara de Fazenda Pública Municipal, pede ainda que seja feita uma auditoria contábil, econômica, fiscal e financeira nas empresas de transporte público da capital. Entretanto, não há prazo para que seja julgado o pedido da liminar suspendendo o aumento. (* Com Gabriela Sales - Hoje em Dia) Atualizada às 22h22