Minas já entrou para a história da aviação com Santos Dumont, ao criar o 14 Bis no começo do século XX. O estado deve voltar a chamar a atenção internacional no final deste ano, quando uma equipe da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) finalizará a produção de um avião de corrida que promete figurar entre os mais rápidos do mundo na sua categoria.
O projeto da aeronave com motor de quatro cilindros, que começou a ser feito há três anos e está em uma das últimas fases da confecção, foi apresentado nesta terça-feira (8) durante um evento da SolidWorks em São Paulo. A expectativa é de que o trabalho seja finalizado em dezembro e no começo de 2014 o avião já faça os primeiros voos.
De acordo com o professor do Departamento de Engenharia Mecânica (Demec) da universidade mineira, Paulo Iscold, reponsável pelo ousado projeto, o desafio é - além de torná-lo o mais veloz deste formato -, oferecer segurança na sua operação.
"Precisamos garantir que todos os mecanismos e componentes funcionem aperfeitamente", explica o professor, ao dizer que o modelo, desenvolvido por alunos e professores da instituição com o apoio de uma organização privada, deve chegar a 575 quilômetros por hora.
Para uma base de comparação, os monomotores geralmente voam a aproximadamente 175 km/h em voo de cruzeiro. Por outro lado, os supersônicos usados para práticas militares ultrapassam a velocidade do som e alcançam facilmente os 1200 km/h.
A aeronave que sairá da UFMG para ser usada em competições internacionais é bem pequena e não deve ser produzida em escala comercial. “O modelo foi produzido para este fim específico, sendo desenhado para caber apenas o piloto”, esclarece Iscold, complementando que, apesar disso, o conhecimento adquirido com o trabalho poderá ser replicado em outras iniciativas.
Durante o processo de desenvolvimento do protótipo, a equipe utilizou o software do SolidWorks, que permite a visualização do trabalho em 3D, simulação do sistema de refrigeração do motor, dentre outras funcionalidades para facilitar nas várias etapas de produção.
Recordistas*
Em dezembro de 2010, Paulo Iscold e sua equipe conseguiram um feito inédito para a aviação brasileira: bateram quatro recordes mundiais. Outro avião desenvolvido pela UFMG, o CEA 308, conseguiu números bem expressivos, batendo o recorde para subida até três mil metros, até então pertencente à Rússica – de 13 minutos e 40 segundos para 8 minutos e 15 segundos.
As outras marcas foram de velocidade em linha reta de 15 quilômetros (chegou a 329 km/h, sendo a anterior de 292/h) e velocidade para ida e volta em 100 quilômetros (conseguiu 326 km/h, superando os 297 km/h), superando os feitos que pertenciam a norte-americanos. Por último, os mineiros superaram a Áustria, que havia feito 352 km/h na velocidade em linha reta de três quilômetros, obtendo 360 km/h. (*Com Arquivo Hoje em Dia)