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Levante a mão quem nunca sentiu aquela “queimação” no estômago. Se ela for esporádica, menos mal. Mas o sinal de alerta ganha força se os episódios acontecem pelo menos duas vezes na semana, em um período que já ultrapassou meses. A pessoa pode sofrer de uma doença que acomete milhares de brasileiros: o refluxo. Mudar o estilo de vida é uma boa pedida para amenizar o problema.
Má alimentação e sedentarismo, associados ao estresse, são as principais causas do surgimento da enfermidade. Conforme o Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva, 12% da população no país tem refluxo.
Mas nem todas as pessoas sabem, observam especialistas. Acreditando ser uma simples azia, muitos pacientes ignoram sinais da doença, que pode evoluir para complicações, como o câncer no esôfago.
“Menos de um terço das pessoas procuram assistência médica, além de fazer o uso inadequado de medicamentos. É um mal que piora a qualidade de vida, mas que pode ser resolvido, na maioria das vezes, com a mudança de hábitos alimentares”, afirma Henrique Eloy, especialista em endoscopia digestiva e gastroenterologia.
Sinais
Quem sofre com o refluxo conta que a sensação é de ter o peito em chamas após as refeições, além de sentir a comida “subindo para a garganta”, principalmente ao deitar depois de comer. A disfunção faz com que os ácidos presentes no estômago voltem ao esôfago com o relaxamento do músculo.
Acostumados ao mal-estar, pacientes deixam os sintomas de lado. Foi o que fez a dentista Rebeca Amaral, de 23 anos. A jovem sofria com os incômodos sem saber que a causa estava nos hábitos alimentares.
“A primeira crise que tive foi na época do vestibular, porque tomava muito café. Também sempre ingeri comida com bastante tempero, o que piorava. Além do remédio, o médico disse para reduzir esses alimentos. Realmente melhorou bastante”, conta. Rebeca diz, ainda, que outros episódios, em intervalos maiores, só aconteceram quando ela exagerou no consumo de condimentos.
Identificação
O diagnóstico do refluxo é simples, conforme o médico Júlio Chebli, da Federação Brasileira de Gastroenterologia. No caso dos jovens, pode ser feito, inclusive, sem a necessidade de exames complexos. Já quem tem mais de 45 anos, por outro lado, pode ter que fazer uma endoscopia, cujas imagens obtidas por meio de um cateter com câmera introduzido pela boca do paciente ajudam a identificar outros problemas.
Nova dieta
O tratamento do refluxo depende principalmente de mudanças na dieta. Frutas, verduras, grãos e oleaginosas, que são consideradas gorduras boas, são indicados. Para ficar longe da azia, é preciso evitar chocolates, café, bebidas gasosas e alcoólicas e o tabagismo.
Os medicamentos diminuem a produção de ácidos no estômago. Geralmente, são administrados de 60 a 90 dias, até o desaparecimento dos sintomas. A cirurgia é recomendada em casos mais graves. “Paciente crônico também pode preferir o procedimento ao invés de tomar remédios por períodos mais longos”, acrescenta Henrique Eloy.
Ainda de acordo com o especialista, novas opções de tratamento estão sendo estudadas, como suturas endoscópicas (que impede o suco gástrico de ir para o estômago) e injeções de polímero, substância que atua na musculatura. No entanto, ainda não há resultados satisfatórios.