Bairro de Isidoro, na região Norte de BH, amarga falta de estrutura

Ernesto Braga - Do Hoje em Dia
05/08/2012 às 12:28.
Atualizado em 22/11/2021 às 00:11
 (EUGENIO MORAES)

(EUGENIO MORAES)

Todos os dias, a operadora de caixa Gracenilde Aparecida Gonçalves, de 48 anos, olha pela janela da casa humilde onde mora, no bairro Mirante, região Norte de Belo Horizonte, e vislumbra um futuro bem diferente.

Ela avista a maior área verde preservada da capital, chamada de mata do Isidoro, e fica imaginando como seria a vida se a operação urbana prevista no local saísse do papel. “Acho que os bairros vizinhos passariam a ter mais estrutura, mais qualidade de vida”, diz Gracenilde, cuja realidade é outra. As ruas do Mirante não são pavimentadas, falta rede de esgoto e o abastecimento de água é feito por mangueiras improvisadas. “É comum faltar água por uma semana, a iluminação é precária e não há linha de ônibus”, lamenta.

O sonho de Gracenilde é poder desfrutar de melhor infraestrutura urbana, encontrando perto de casa serviços essenciais, como na área de saúde e mobilidade, além de opções de trabalho. Para o urbanista Sérgio Myssior, vice-presidente da seção mineira do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB-MG), os anseios da operadora de caixa só serão realizados se as operações urbanas planejadas para BH forem executadas. “A cidade tem de oferecer, de forma descentralizada, condições de moradia, trabalho e lazer. O Centro não pode ser um local só de trabalho ou comércio, nem os bairros devem servir apenas para morar”, afirma.

Intervenções que promovam a descentralização sugerida por Myssior fazem parte do BH Metas e Resultados, planejamento estratégico da prefeitura, em 12 áreas, projetando a cidade para 2030. A operação urbana no Isidoro faz parte do pacote de obras, mas está emperrada. “O Isidoro tem mil hectares de área, onde cabe uma avenida do Contorno. É possível que a região se desenvolva respeitando o meio ambiente”, ressalta Myssior.

Entenda

A urbanização do Isidoro, na divisa com Santa Luzia, foi aprovada e sancionada em julho de 2010. Está prevista a construção de mais de 67 mil unidades habitacionais, centros de saúde, escolas e parques, um deles com 2 milhões de metros quadrados, o segundo maior da capital. A região é marcada por ocupações irregulares e degradação ambiental.

Chamado de Estrada do Sanatório, o principal acesso aos bairros que circundam a mata do Isidoro está tomado de bota-foras irregulares. Sobra de material de construção, restos de pneus, carcaças de aparelhos eletrônicos e lixo orgânico causam mau cheiro, atraindo urubus e outros bichos. Parte da sujeira vai parar no leito do ribeirão Isidoro, poluindo o curso d´água. “Não há fiscalização para impedir que os caminhões despejem o entulho, que é levado pela chuva para o rio. Nossa esperança é que esse problema acabe com a urbanização prometida na região”, disse o motorista Gleison Rozete, de 35 anos, morador do Tupi.

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