O prazo estipulado pela Copasa para que o consumo de água fosse reduzido em 30% vence este mês. Como os consumidores não alcançaram a meta, especialistas não descartam a possibilidade de entrar em curso medidas de racionamento.
O nível dos reservatórios do sistema Paraopeba, que abastece a Grande BH, chegou em 31 de julho ao patamar de 32,5%. Apenas 2,4% a mais que em fevereiro, quando atingiu pior marca (29,9%). Como agravante, o meteorologista Cleber Souza, do Instituto Nacional de Meteorologista (Inmete), destaca que agosto é historicamente o mês mais seco.
“Não há perspectiva de chuva relevante nas próximas semanas. Em agosto, chove em média apenas 13,7 milímetros, e isso não é nada. A previsão é a de que volte a chover com mais frequência em setembro”, afirma Cleber.
Márcio Benedito Batista, professor do Departamento de Engenharia Hidráulica e de Recursos Hídricos da UFMG, alerta que o consumidor deve se preparar para enfrentar dias sem água. “É possível que os níveis dos mananciais caiam ainda mais e coloquem em risco o abastecimento”.
O especialista aponta a necessidade de outras medidas, somadas ao racionamento. “Não é só a população que deve pagar o pato. É preciso investimento da Copasa, tanto na melhoria de infraestrutura, de interligação do sistema, como está sendo feito, como um trabalho para redução de perdas”.
Por meio de nota, a Copasa informou que não há definição sobre racionamento na Região Metropolitana de BH. “Caso a situação seja colocada em prática, a Companhia fará uma ampla divulgação para a população, informando todos os detalhes do plano”, destaca.
Torneiras secas
Em algumas regiões da capital, a população sofre com cortes no abastecimento. Segundo a estudante de veterinária Amanda Patrícia do Carmo, moradora do Minas Caixa, em Venda Nova, logo que a Copasa começou a anunciar a possibilidade de corte, as torneiras começaram a secar no bairro. O problema foi mais frequente de março a maio.
“A interrupção acontecia até três vezes por semana. Tenho avó idosa em casa. Era preciso juntar água, e alguns vizinhos compraram tambores para armazenar, porque a gente não sabia se teria no dia seguinte. Eles não avisavam nada”, relembra a universitária.
De acordo com a Copasa, as interrupções em Venda Nova “foram “necessárias para manutenções em redes de abastecimento”.