(Maurício Vieira)
Em Belo Horizonte, pelo menos mais 3 mil bares e restaurantes devem reabrir as portas à noite, com atendimento ao público e venda de bebida alcoólica na próxima sexta-feira. A estimativa da associação que representa o setor, a Abrasel, considera os estabelecimentos fechados desde março e que não funcionaram nem por delivery. A retomada anima empresários, mas ainda deixa outros cautelosos.
Os que voltam agora garantem que protocolos sanitários serão rigorosamente cumpridos e a preparação para o retorno segue a todo vapor. É o que afirma Daniel Ribeiro, proprietário do Redentor Bar, na Savassi, na região Centro-Sul.
Cardápios novos e mais fáceis para serem higienizados, disponibilização de álcool em gel, parklet para ampliar a área e janelas abertas para ventilação são as medidas adotadas. A capacidade no local foi reduzida de quase 400 para 150 pessoas. “Quem está com saudade de sair, vai sair. Acreditamos que a casa vai encher”, diz o empresário.Editoria de Arte
Para o infectologista Estevão Urbano, do Hospital Madre Teresa, a estimativa é que 20% da população volte a frequentar bares e restaurantes nesse momento. Integrante do Comitê de Enfrentamento à Covid-19 da capital, o especialista frisa que grande parcela dos moradores ainda teme estar nesses espaços.
“O ideal é que as pessoas permaneçam em casa. Porém, como ainda não há uma data para um tratamento contra a doença ou para uma vacina, certa reabertura é necessária por questões sociais, emocionais e econômicas. As pessoas, no entanto, não podem entender que, ao flexibilizar, estamos dizendo que o bar e o restaurante são seguros, porque não são. Há riscos e, se os números subirem, o recuo da flexibilização não está descartado”, frisa o médico.
Mais cautela
A incerteza, inclusive, foi o que levou André Prates, sócio-proprietário do Baixo Lourdes – Butchery, região Centro-Sul de BH, a optar não reabrir nesta sexta-feira. “Todos querem voltar, mas é preciso cautela. O nosso medo é que fechem tudo novamente”, ressalta.
Mas o presidente da Abrasel, Paulo Solmucci, acredita que tanto os empresários quanto o público serão conscientes. “Casos raros e pontuais de desobediência podem, sim, ocorrer. Porém, a grande maioria sabe que tem que se cuidar até porque todo mundo está em risco”, avalia.
Apesar de aprovar a reabertura do setor no fim de semana, o representante da entidade reivindica a ampliação para de terça a domingo. Pelo plano da reabertura, decisões serão tomadas apenas após avaliação dessa fase de flexibilização.