Barreiro lidera casos de menor sem afeto, atenção e cuidado

Ernesto Braga - Hoje em Dia
04/09/2013 às 07:05.
Atualizado em 20/11/2021 às 21:37
 (Samuel Costa/Hoje em Dia)

(Samuel Costa/Hoje em Dia)

Abandonado pela mãe quando era recém-nascido, M., de 14 anos, morou com o pai até três meses atrás. Da infância, ele não guarda boas recordações: “Apanhava todo dia”, lamenta. A desestrutura familiar fez com que o adolescente tivesse, desde cedo, contato com a marginalidade na rua.

“Aprendi a roubar e usar drogas”, afirma. Depois que o pai de M. foi assassinado, o menino de cabelos descoloridos passou a morar em uma praça do Barreiro. De objetos pessoais ele tem apenas um cobertor, um par de tênis e poucas roupas. Quando chove, busca abrigo debaixo das marquises.

Para se alimentar, M. conta com a ajuda dos donos de restaurantes e bares. Sem nunca ter frequentado a escola, ele passa o dia vagando e não demonstra preocupação com a possibilidade de ser flagrado acendendo um cigarro de maconha em plena luz do dia na praça movimentada, junto com outros menores.

Encerrando a série sobre o mapa da violência contra crianças e adolescentes em Belo Horizonte, o Hoje em Dia mostra, nesta edição, a realidade do Barreiro e das regiões Leste e Noroeste da capital. Nelas, as estatísticas registradas de janeiro a julho pelos conselhos tutelares apontam que os crimes mais comuns são negligência, agressões físicas e psicológicas.

Abandono

Caracterizada pela “falha ou omissão em prover os cuidados, a atenção, o afeto e as necessidades básicas dos menores, como saúde e alimentação”, a negligência também pode ser tratada como abandono, segundo a delegada Iara França, adjunta da Delegacia Especializada em Proteção da Criança e do Adolescente (Depca).

A violência psicológica se apresenta nas formas de maus-tratos, rejeição, depreciação, xingamento e punições exageradas, geralmente acompanhadas de surras. “As agressões físicas são, muitas vezes, relacionadas ao alcoolismo do pai, ou a mãe desconta no filho os problemas de relacionamento dela”, diz a delegada.
Vítima de todos esses crimes, M. está entregue à própria sorte em uma praça.

“É no ambiente familiar que a criança desenvolve a autoconfiança, tanto que ela corre para casa quando tem algum conflito na rua. Se na família houver esse clima violento, ela sofrerá um estresse constante que vai prejudicá-la no desenvolvimento e nos relacionamentos sociais”, afirma a psicóloga Rosilene Miranda Barroso da Cruz. A especialista é coordenadora técnica da Vara Cível da Infância e Adolescência de BH.
 
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