Belo Horizonte: a cidade das fontes desligadas

Gabriela Sales - Hoje em Dia
22/11/2014 às 09:29.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:07
 (Hoje em Dia)

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Pode não parecer, mas as fontes têm um papel fundamental em grandes centros urbanos. Ajudam a regular a umidade do ar, a temperatura e ainda embelezam praças, em contraponto à aridez dos edifícios. Em Belo Horizonte, porém, a maioria está desligada por mau funcionamento.    A reportagem do Hoje em Dia contou sete estruturas inoperantes, todas em pontos turísticos ou de grande movimentação de pessoas. A fonte da Praça da Estação, no Centro, tornou-se um problema crônico: não vê uma gota d’água há um ano e meio, e as canaletas estão entupidas de lixo. A praça ganhou o adorno em 2004, quando foi revitalizada a um custo de R$ 5 milhões.   Em uma resposta idêntica à divulgada em janeiro, quando a reportagem noticiou o caso pela primeira vez, a prefeitura alega que “todo o sistema elétrico e os motores da fonte estão sendo substituídos”. A Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) garante que o chafariz será religado até o fim do ano.    Na mesma praça, mas do outro lado da avenida dos Andradas, uma fonte em estilo inglês, inaugurada em 1922, passa por manutenção. Há apenas água parada no fundo. “Pena que a fonte não está funcionando. Se estivesse, iria valorizar o local”, diz o comerciante Antônio José Filho, de 67 anos.    Outra fonte desligada constantemente é a da Praça Raul Soares, também no Centro. “O espaço público fica desvalorizado. Chafariz sem água não tem graça”, observa a educadora Maria Eugênia Soares, de 32 anos. A Regional Centro-Sul informou que a estrutura funciona, mas em horários alternados e programados.      Circuito   Na Praça da Liberdade, referência turística de BH, também está com os principais atrativos desligados: as fontes Cruzeiro do Sul e Ninfa. “A praça acaba ficando com o aspecto mais triste. É tão bom vir aqui e ficar contemplando a dança das águas. É um momento de descanso em meio ao agito da cidade”, diz a estudante Fiamma Kosinick, de 19 anos.    A Regional Centro-Sul esclareceu que as fontes estão em funcionamento, mas, devido à instalação da decoração de Natal, são ligadas alternadamente.    No espelho d’água da Lagoa da Pampulha, um megachafariz, inaugurado há sete anos, é pouco utilizado. O equipamento, um presente para quando a capital completou 110 anos, passa a maior parte do tempo desligado. A água é esguichada a uma altura de 5 metros, mas por apenas 30 minutos, nas segundas e sextas-feiras, além de eventos pré-agendados.    No Parque Municipal Américo Renné Giannetti, no Centro, a fonte do Lago dos Barcos, em estilo francês, fica em desuso a maior parte do tempo. A Fundação Municipal de Parques confirma que o equipamento é utilizado apenas nos fins de semana, como forma de reduzir gastos com água e energia.   Desligado ou quebrado, um chafariz compromete a própria arquitetura local, uma vez que foi pensado naquele contexto visual. “As fontes são símbolo de tradição e história. Dão descanso visual a quem passa por elas”, diz a professora de paisagismo da UFMG, Marieta Maciel.

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