(Setra-BH/Divulgação)
Ao circular pela primeira vez pelas ruas de BH, o ônibus elétrico revela, logo nos primeiros metros, a superioridade tecnológica sobre os modelos convencionais. No lugar da fumaça preta resultante da queima do diesel e do barulho comum aos motores à combustão, o silêncio. Mal dá para acreditar que um veículo de 12 metros de comprimento e 19 toneladas desloca-se de forma tão sorrateira.
O desempenho do veículo será avaliado pela BHTrans, por dois meses, para possível homologação. Se aprovado, as concessionárias que operam o sistema terão a opção de incorporá-lo à frota, caso considerem o investimento viável.
O veículo em teste, da chinesa Build Your Dream (BYD), custa em torno de R$ 1 milhão, ou mais de três vezes que o convencional (cerca de R$ 280 milhões). Mesmo com o custo inicial superior, o fabricante prevê uma economia de 25% ao longo de dez anos de uso.
O ônibus elétrico permite uma redução de 80% com energia por quilômetro rodado (numa comparação com o consumo de diesel), garante a BYD. O gasto com manutenção também seria reduzido.
EXPERIÊNCIA
A equipe do Hoje em Dia embarcou no protótipo, na manhã desta terça (22). A primeira viagem foi iniciada a partir do bairro Goiânia, no ponto final da linha 5503 A. De lá, o veículo seguiu rumo à Região Hospitalar, passando antes pelas avenidas Cristiano Machado e Andradas.
O interior é mais espaçoso e confortável, principalmente em comparação aos veículos do tipo Padron (motor dianteiro), ainda predominantes na cidade. O piso é baixo e permite o acesso ao nível da calçada, eliminado a necessidade de adaptações, como elevador para cadeirantes. Chamam atenção dois compartimentos antes da roleta, onde são armazenadas centenas de baterias, que garantem autonomia de 250 quilômetros.
Um dos quesitos observados nos testes é a desenvoltura do ônibus elétrico no sobe e desce das ladeiras da capital. “Belo Horizonte tem característica topográfica com subidas, curvas de raio pequeno. Precisamos saber se o veículo consegue fazer o transporte em linha”, explica o gerente de permissões da BHTrans, Reinaldo Avelar Drumond.
Segundo o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (Setra-BH), somente após os testes é que a viabilidade técnica e econômica será avaliada para implantação.
Os passageiros aprovaram. O gráfico Geraldo Carlos Silva, de 64 anos, comparou a estabilidade do veículo à de um avião. “Vale muito a pena porque não fica aquela pulação”, disse. Após 15 dias de testes na linha 5503A, o ônibus elétrico passará a circular na 9105 (Nova Vista/Sion).
Além disso
A tecnologia já foi aprovada em testes e incorporada a frotas de grandes cidades, dentre elas São Paulo (SP), Porto Alegre (RS) e Campinas (SP). Nesta última, foi instalada a fábrica de ônibus elétricos da BYD.
A implantação de veículos do tipo mostra-se uma forma de as cidades agirem localmente contra as mudanças climáticas. Aliás, neste mês, os países se comprometeram a reduzir as emissões de gases do efeito estufa, na 21ª Conferência das Partes, a COP21, em Paris.
Nos testes realizados com nove ônibus elétricos no Rio de Janeiro, no ano passado, concluiu-se que, se implantados em definitivo, deixariam de ser lançadas duas toneladas de gás carbônico na atmosfera por dia, 60 toneladas por mês e 727 toneladas ao ano.
Atualizada às 19h28