(Flávio Tavares)
Pode até ser que, recentemente, o zoológico de Belo Horizonte tenha sofrido grandes perdas, como a do gorila Idi Amin e a namorada dele, Kifta, trazida da Inglaterra para lhe fazer companhia. [/LEAD]Mas o espaço de lazer não foi marcado apenas por tristes episódios. Assim como na natureza, o ciclo da vida se renovou em 2013, com o nascimento de diversos filhotes, que levaram de volta a alegria ao zoo.
O destaque é para o mico-leão-dourado. A espécie, endêmica do Brasil, está ameaçada de extinção. Porém, o grupo já é grande no zoológico da capital, graças ao nascimento de quatro filhotes – dois em setembro e dois em dezembro.
Agarrado nas costas das mães, os novos moradores enchem os olhos dos visitantes. Quem vê os simpáticos primatas de pelos alaranjados nem imagina o trabalho que precisou de ser feito para reproduzir a espécie.
“Até 2012, tínhamos apenas três micos-leão-dourados: um pai e duas filhas”, lembra Valéria Pereira, chefe da seção de mamíferos. Como em uma agência matrimonial para animais, foi feito contato com outros zoológicos para que novos casais fossem formados.
Uma das fêmeas de Belo Horizonte foi levada ao zoológico de São Paulo. Em compensação, o zoo de São Carlos (SP) cedeu um macho (que formou par com a outra fêmea). Do Centro de Primatologia do Rio de Janeiro veio uma fêmea para se juntar ao pai.
Deu zebra
Outro nascimento comemorado em 2013 foi o de uma zebrinha, em novembro. O motivo, conta Valéria, é que a reprodução do animal era aguardada desde 2006, quando os pais Mila e Zuk chegaram ao zoológico.
Aparentemente sem afinidade, o “namoro” do casal demorou a vingar, a ponto de os funcionários chegarem a cogitar a possibilidade de trocar o macho.
“Não foi preciso. No tempo deles, tudo aconteceu”, afirma a bióloga.
Mais filhotes
Cervo-dama, ouriços-cacheiros, óryx, veado-catingueiro e cervo-nobre foram outros filhotes de mamíferos que, em 2013, passaram a fazer parte do zoológico da capital mineira.
O número é considerado adequado para Jorge Espeschit, presidente da Fundação Zoo Botânica.
“A reprodução de nenhuma dessas espécies ocorreu de forma aleatória. Não podemos permitir o nascimento de um animal se não tivermos um recinto para ele ou se não tivermos como encontrar um novo lar em outro zoológico. Cada espécie tem um projeto específico de manejo”, explica.
Assim, via de regra, a reprodução só ocorre quando há necessidade de conservação da espécie ou por causa de um trabalho ambiental.
E quando há animais excedentes, como ocorre agora com o mico-leão-dourado, eles são disponibilizados a outros zoológicos. “Preenchemos um registro informando quais bichos estão sobrando, para que novas permutas sejam feitas. Nem sempre a troca é vantajosa para nós, mas temos a consciência de que o mais importante é a preservação da fauna”, afirma Valéria.
Reforma nos recintos e novo paisagismo
Se o nascimento de novos animais já é festejado pelo público do zoológico, os planos para 2014 prometem deixar a enorme área verde ainda mais atrativa aos visitantes.
Ainda no primeiro semestre, começam as reformas em vários recintos. O objetivo, segundo Jorge Espeschit, presidente da Fundação Zoo Botânica, é melhorar o acesso do público, assim como oferecer condições mais adequadas aos funcionários que ali trabalham e para os animais.
Também está prevista a intervenção paisagística do zoológico e melhorias no restaurante. “No total, serão investidos R$ 5 milhões”, afirma Jorge.
Guigó
Valéria Pereira também adianta quais animais receberão atenção prioritária neste novo ano.[TEXTO] “Um dos nossos objetivos é conseguir um macho de guigó (tipo de primata). Atualmente, estamos com quatro fêmeas solitárias. É um número grande, mas está incompleto. A espécie está mal arranjada”, comenta.
Ainda falando sobre os primatas, outro desafio é encontrar um macho de parauacu e uma fêmea caxiú. No primeiro caso, há um pai com três filhas. Ele, porém, é mantido em recinto separado para evitar cruzamento consanguíneo. No segundo, há apenas dois machos – pai e filho.
“Também estamos planejando uma nova girafinha para o zoológico. Temos duas fêmeas atualmente e há muito tempo não fazemos a reprodução”.