(Lucas Prates/Hoje em Dia)
Novas pancadas de chuva e a consequente elevação do risco geológico (quando aumenta a chance de desabamentos, por conta do solo encharcado) podem castigar a capital mineira nesta terça-feira.
Alerta emitido pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) aponta que o temporal tem potencial para superar 60 mm por hora. Além disso, rajadas de vento estão no radar. Há previsão também de chuva forte para outras cidades de Minas Gerais.
A chuva intensa do fim de semana causou muitos estragos. Um prédio de quatro andares ainda em construção na Serra, região Centro-Sul de BH, desabou. No bairro Gameleira, um restaurante também ruiu. Vários pontos da cidade ficaram alagados e sem energia elétrica após queda de árvores.
No bairro Primeiro de Maio, Norte da capital, comerciantes e moradores contabilizavam ontem os prejuízos causados. A via 240, próxima à Estação São Gabriel, Nordeste de BH, chegou a ser fechada nesta segunda por manifestantes que cobravam da prefeitura solução para os constantes problemas causados pelas chuvas na região.
Das 18h de sexta-feira (5) às 6h desta segunda (8), o Corpo de Bombeiros foi acionado 56 vezes para resgatar pessoas ilhadas, em áreas de inundação, alagadas ou em enxurradas na Região Metropolitana de BH.
O alerta para hoje é reforçado pela Defesa Civil de Belo Horizonte, que aponta a possibilidade de precipitações com volumes entre 20 mm e 30 mm, com rajadas de vento.
Recorde de chuvas
Em apenas oito dias já choveu em Belo Horizonte mais do que o esperado para todo o mês de fevereiro. Nas regiões Centro-Sul e Noroeste, por exemplo, o volume de água da chuva foi 50% maior do que a média histórica do período, que é de 181,4 mm.
Ao longo da semana a intensidade das precipitações deve ser menor do que a registrada nos últimos dias, segundo previsão do Inmet.
Deslizamentos
A Defesa Civil emitiu um comunicado na noite de domingo (7) chamando a atenção para risco geológico em todas as regionais de Belo Horizonte até esta terça-feira, por conta do acúmulo de água. Recomenda-se atenção no grau de saturação do solo e nos sinais construtivos.
Segundo o órgão, os moradores devem ficar atentos aos sinais de que os deslizamentos podem acontecer. Os principais são trincas nas paredes, água empoçando no quintal, portas e janelas emperrando, rachaduras no solo, água minando da base do barranco e inclinação de poste ou árvores.
Temporais causam mortes e deixam 300 desalojados pelo Estado
Até esta segunda-feira (8), as fortes chuvas já haviam causado pelo menos 13 óbitos em território mineiro, conforme dados da Defesa Civil Estadual. O último registro foi o de um homem de 34 anos que morreu no sábado, dentro do carro, em Porteirinha, no Norte do Estado, depois de o veículo cair no rio Mosquito.
A soma das mortes refere-se ao período chuvoso no Estado, de outubro de 2020 a esta segunda-feira (8). Somente em 2021, foram 11 vidas perdidas por conta das tempestades.
De acordo com a Defesa Civil, nove pessoas ficaram feridas em decorrência das chuvas. Mais de 300 estariam desabrigadas no Estado. Em Santa Luzia, na Região Metropolitana de BH (RMBH), 300 pessoas ficaram desalojadas domingo (7), após o transbordamento do rio das Velhas.
Em Contagem, também na RMBH, uma família foi resgatada ao ficar ilhada durante as chuvas fortes de domingo (7). Ao todo, conforme a Defesa Civil municipal, 20 pessoas ficaram desalojadas e diversos bairros alagados.
Outros óbitos
Em 2 de janeiro, um adolescente de 13 anos que andava de bicicleta foi arrastado pela enxurrada no bairro Santa Rosa, região da Pampulha, em BH. Ele não resistiu e morreu. Também na capital, um homem morreu, em 15 de janeiro, atingido por raio em campo de futebol no bairro Serra, região Centro-Sul.
Outros dois óbitos foram registrados pelo órgão em 2020. Um em outubro, em Carmo do Rio Claro, e outro em Pedras de Maria da Cruz, Norte de Minas, em novembro.
As fortes chuvas causaram a morte de um homem de 51 anos que tentava atravessar área de alagamento durante temporal em São João do Glória, distrito de Muriaé, em 1º de janeiro. Uma mulher de 54 anos morreu soterrada após deslizamento de terra no dia 4 do mesmo mês.
Uma cabeça d’água atingiu uma cachoeira em Capitólio, matando três pessoas. Seis ficaram ilhadas e foram salvas de helicóptero pelos Bombeiros.
Um idoso morreu em Além Paraíba, Zona da Mata, após a casa em que estava, às margens do córrego Limoeiro, desabar com a forte chuva de 8 de janeiro. Em Santo Antônio do Itambé, Região Central, um raio tirou a vida de duas pessoas, em 9 de janeiro.