(Marcelo Prates)
No ano passado, a Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) recolheu em Belo Horizonte 120 mil toneladas de entulhos de construção contaminados, ou seja, que não puderam ser reciclados.
A montanha de resíduos, equivalente a mais de 17 mil caçambas com capacidade para armazenar sete toneladas, foi levada para o aterro sanitário Macaúbas, em Sabará, na região metropolitana.
Para aterrar o entulho, a SLU paga R$ 36,02 por tonelada, gasto superior a R$ 4,3 milhões em 2012, sem contar as despesas com o transporte, que é terceirizado.
O valor jogado literalmente no lixo devido à falta de consciência dos construtores daria para construir quatro postos de saúde, reformar nove escolas e revitalizar 68 praças, segundo dados da Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura.
Também no ano passado, 103.500 toneladas do mesmo tipo de resíduo, porém sem contaminação, abasteceram as três usinas de reciclagem da prefeitura, nos bairros Jardim Filadélfia (aterro da BR-040), na região Noroeste; Estoril, na Oeste; e Bandeirantes, na Pampulha.
O entulho “limpo” é separado em areia, brita e bica corrida (que serve como base para pavimentação). A reutilização evita gastos públicos com o aterramento e possíveis danos ambientais.
O diretor de Planejamento da SLU, Lucas Garilio, explica que, para serem reciclados, os resíduos não podem estar misturados a outros materiais. “Têm que estar limpos, sem a contaminação por podas de árvores, terra, madeira, borracha, metal, graxa, animais mortos e restos de comida”.
Bota-foras
As sobras de construção são recolhidas de duas formas em BH: a SLU faz a limpeza de bota-foras clandestinos ou os resíduos são entregues às 31 Unidades de Recolhimento de Pequenos Volumes (URPVs).
Na segunda opção, os responsáveis pelo entulho de pequenas obras contratam carroceiros ou podem entregar gratuitamente na URPV até dois metros quadrados de sobras de construção por dia, o equivalente à carga de uma carroça ou da carroceria de uma pequena caminhonete (Saveiro, por exemplo).
Segundo Garilio, para que o volume limpo supere o contaminado, a SLU está otimizando a triagem nas URPVs, retirando do meio dos resíduos materiais que causam a contaminação.
Até nove caçambas (63 toneladas) de entulhos que não podem ser reciclados são retiradas, por dia, apenas da unidade da avenida Silva Lobo, no Calafate (região Oeste), e levadas para o aterro de Sabará.