(Michael Schwenk)
Pelo menos nove pacientes de outros estados estão internados em hospitais particulares de Belo Horizonte com Covid-19. São cinco do Pará, dois de São Paulo, um do Rio de Janeiro e outro do Espírito Santo.
A informação foi dada pelo prefeito Alexandre Kalil no início da tarde desta segunda-feira (11), durante entrevista coletiva. Para evitar sobrecarga no sistema de saúde da capital mineira, a administração municipal afirma que irá acionar a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para que providências sejam tomadas.
"Belo Horizonte tá virando um grande importador de doentes", lamentou o chefe do Executivo. Segundo Kalil, também haveria pacientes de outros estados em hospitais de Nova Lima, na região metropolitana.
O prefeito também teceu duras críticas à mineradora Vale. "Parece que a Vale do Rio Doce resolveu realmente que Minas Gerais é o cemitério preferido dela. A maioria (dos pacientes de outros estados) veio de Carajás (Pará), onde é grande a exploração do minério. Estamos avisando que aqui não é cemitério", afirmou Alexandre Kalil.
A empresa foi procurada pela reportagem, mas não se pronunciou sobre a fala do prefeito de Belo Horizonte. Em nota, disse que ao empregado é oferecida a oportunidade de transferência para as bases de origem durante a pandemia do novo coronavírus. Os que apresentam sintomas da Covid-19, ainda segundo a mineradora, são transportados até o aeroporto em veículo exclusivo e os funcionários seguem em aerovane própria.
Já a Anvisa, em nota, informou que irá aguardar o questionamento oficial da Prefeitura de Belo Horizonte . Porém, frisou que "a política de atendimento na assistência em saúde não é competência" do órgão.
Veja a nota da Vale na íntegra:
“A Vale oferece a seus empregados a oportunidade de transferência temporária para as suas bases de origem durante a pandemia do novo coronavírus. A medida permite aos empregados estarem mais próximos de seus familiares no período de isolamento, garantindo maior conforto e segurança. Importante esclarecer que, antes de continuarem em trabalho remoto, eles passam por uma triagem de saúde e um período extra de quarentena preventivo.
Além disso, a Vale presta toda a assistência médico-hospitalar a seus empregados, incluindo a possibilidade de Tratamento Fora de Domicílio (TFD) em centros de referência particulares para casos mais graves ou com possibilidade de agravamento. Estão incluídos neste grupo pessoas já internadas em hospitais, de acordo com protocolos estabelecidos entre as Secretarias Estaduais de Saúde dos Estados envolvidos.
Aos empregados que apresentam sintomas da COVID-19, sem tratamento hospitalar, a Vale determinou um protocolo extra de segurança que inclui quarentena em hotel com área isolada exclusivamente para este fim. Após o cumprimento do tempo de observação ou tratamento de saúde, o empregado é liberado para retornar a seu local de origem.
Importante ressaltar que o deslocamento até o aeroporto é feito por veículo exclusivo e que todos os empregados são transportados em aeronave própria e cumprindo os protocolos de distanciamento tanto no voo quanto no embarque e no desembarque. Além disso, todos os empregados são orientados a cumprir rigorosamente as medidas de quarentena e distanciamento social.
A Vale reforça que tem o compromisso de cuidar da saúde e da segurança de seus empregados, observando rigorosamente todos os protocolos exigidos pelo Ministério da Saúde”