Em entrevista coletiva na tarde desta terça-feira (21), o secretário de Saúde de Belo Horizonte, Jackson Machado, abordou, entre outros temas, a taxa de ocupação de leitos de enfermaria e UTI exclusivos para Covid-19 e a possibilidade de flexibilizar o uso das máscaras na capital.
Sobre as taxas de ocupação, o secretário informou que os leitos dedicados ao tratamento de infectados pelo coronavírus estão sendo sistematicamente cedidos a pacientes com outras enfermidades.
"Se eu tenho 200 leitos disponíveis de enfermaria para Covid, por exemplo, e destes, 40% estão ocupados, e tenho 100 pessoas com outras doenças nas UPAs precisando de internação, não tem porque deixar os leitos vazios. Então eu tiro o leito da Covid e jogo para outras doenças", explica Machado.
A realocação de leitos afeta os indicadores de alerta das taxas de ocupação divulgados diariamente pela Prefeitura por meio do Boletim Epidemiológico. Nas últimas atualizações, o índice vem oscilando entre níveis de alerta verde e amarelo, mas os números não representam, necessariamente, uma situação preocupante, já que há menos leitos ocupados pela Covid-19, devido à menor demanda.
Sobre o uso de máscara de proteção facial, Jackson Machado manteve o posicionamento favorável à continuidade do uso. Questionado sobre quando elas não serão mais necessárias, o secretário brincou: "no dia em que puder largar a escova de dente".
Segundo ele, como a vacina contra o coronavírus não é neutralizante, apenas impede a progressão da doença para casos mais graves, não elimina a transmissão. Por isso, as máscaras seguem tendo papel importante na contenção da pandemia até que o vírus não seja mais nocivo à saúde humana.
"O que acontece com qualquer agente biológico é que ele inicialmente é muito selvagem, a exemplo do que aconteceu com o HIV (causador da Aids) nos anos 80. Ele era muito perigoso. Hoje, mesmo pessoas que não estão em tratamento anti-Aids demoram muito para morrer porque o vírus não é tão agressivo e isso inevitavelmente vai acontecer com a Covid, com o tempo. Infelizmente eu não tenho bola de cristal para saber quando isso acontecerá", afirma o secretário de Saúde.
Machado reconhece que muitas pessoas já abandonaram o uso das máscaras nas ruas. Para ele, é preciso retomar a campanha de conscientização do uso como medida sanitária e também de outras atitudes preventivas como a higienização das mãos.
Vacinação para crianças
Mesmo após a aprovação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) da aplicação dos imunizntes contra o coronavírus em crianças de 5 a 11 anos, o início da vacinação segue sem definição por parte do Governo Federal.
Questionado sobre o tema, Jackson Machado afirmou que o município pode se interessar em comprar as doses para crianças por conta própria, mas precisaria de um posicionamento do Ministério da Saúde.
"Se o Ministério da Saúde resolver que não vai comprar a vacina, a gente pode vir a comprar", conclui.