(Pedro Gontijo)
A um mês do início da maior festa da capital, os batuques e as cores chamativas começam a ganhar as ruas de Belo Horizonte. Mas, na contramão dos últimos anos, o Centro e os arredores não serão as únicas áreas a serem pintadas de glitter, confete e serpentina: a promessa para 2018 é que o Carnaval tome conta também das regiões mais distantes da cidade.
Iniciativa dos próprios moradores das periferias, a descentralização também recebe incentivo da Belotur, órgão da prefeitura que organiza a folia. Nesta edição, Belo Horizonte terá sete palcos oficiais espalhados pela capital, sendo três no hipercentro e o restante dividido em quatro regionais, entre elas Barreiro e Venda Nova. Em 2017, as estruturas foram montadas apenas nas áreas centrais.
Região que até então ficava de fora da folia, o Barreiro entra no circuito com pelo menos três blocos organizados por moradores e um que já é conhecido dos belo-horizontinos: o Pena de Pavão de Krishna (PPK), que este ano quebrou o tradicional segredo sobre o local do cortejo e anunciou que se apresentará por lá. A ideia é envolver mais pessoas na festa.
A todo vapor
Para os foliões mais apressadinhos, a programação começa cedo. Os ensaios dos blocos já tomam as ruas do bairro. Os tambores e os repiques do Não Acredito que te Beijei, que investe nos clássicos de axé dos anos 1990, ocupam a avenida Sinfrônio Brochado, uma das principais do Barreiro, nos fins de semana.
Uma das fundadoras da agremiação, Silvania Portela conta que ela e a família sempre se iam curtir o Carnaval no Centro da capital. “O Barreiro é uma regional tão populosa, com quase 300 mil habitantes, e não tinha nada. A festa precisava chegar aqui também”.
Até então sem movimentação nas redondezas, os moradores que não têm tanta intimidade com a festa poderão até mesmo aprender a tocar instrumentos de percussão e integrar a bateria do Esperando o Metrô, que também desfilará na região. O grupo oferece oficinas gratuitas às segundas-feiras. “Estamos totalmente abertos. Temos 15 instrumentos extras e convidamos a todos a participar. O Barreiro faz parte de BH e queremos valorizar nossas iniciativas culturais”, explica Júlio César Gonçalves, de 46 anos, organizador do bloco.Maurício Vieira
Em Venda Nova, o Aqui Cê Podi participa de um grupo de agremiações que discute expandir a folia na região
Impulsionamento
A explosão de iniciativas locais também tomou Venda Nova. Fundadores de seis agremiações estão se reunindo para discutir estratégias para impulsionar o Carnaval na região.
Em 2017, o bloco Aqui Cê Podi estreou na folia. José dos Santos Paula, o “Chicão”, um dos organizadores, se emociona ao lembrar o debute de Venda Nova.
Segundo ele, os moradores ficaram surpresos ao ver o agito na porta de casa. “Não estávamos acostumados com blocos de rua. Começamos o desfile com quatro pessoas e terminamos com 200. No fim, elas vieram me agradecer porque o bloco passou na rua delas”, relembra.Editoria de Arte