O resultado das eleições para presidente do 1° turno mostrou um crescimento do atual presidente Jair Bolsonaro (PL) em relação ao cenário previsto nas pesquisas. Associado a isso, a abstenção e a escolha por votos em outros candidatos pode ter enfraquecido o número de eleitores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A avaliação é feita por analistas políticos que afirmam que o cenário no 2° turno ainda é incerto.
Conforme o resultado das eleições, Lula recebeu 48,43% dos votos válidos neste domingo (2), contra 43,20% do presidente Jair Bolsonaro (PL), com 99,99% das urnas apuradas. O índice do atual presidente vai na contramão de pesquisas eleitorais que apontavam ele com pouco menos de 40% dos votos.
De acordo com o cientista político, Rodrigo Lopes, o resultado de Lula era esperado. Já o percentual de Bolsonaro pode ser reflexo da "desidratação" de candidatos na reta final, como Ciro Gomes (PDT), que perdeu 3%, e Simone Tebet (MDB), que oscilou 1%. "Uma das hipóteses é a desidratação desses candidatos, e todos esses votos foram para o Bolsonaro", avalia.
Para o especialista, Bolsonaro ganha mais vantagem com a condução da eleição para o 2° turno e, com isso, o cenário segue incerto.
"O eleitorado quis o segundo turno, ele não quis uma decisão definida no primeiro turno. Com isso, há uma vantagem para o Bolsonaro que terá mais tempo para articular a sua proposta. Mas o Lula mantém uma vantagem que não é desprezível, são mais de 5% que é bem considerável. O jogo não está zerado, eles vão com esses números para o 2° turno, mas a disputa está mais em aberto", opina.
Opinião diferente tem o analista político, Vladimir Feijó, que aponta para uma antecipação do voto útil em favor de Bolsonaro - quando o eleitor escolhe um nome que não seja o seu preferido, com o intuito de impedir que outro candidato seja eleito.
"As eleições anteciparam o voto útil em favor do Bolsonaro, o número dele ficou próximo ao teto esperado. Considerando Tebet e Ciro, é possível que aqueles que sondavam votar nesses dois candidatos possam ter decidido apoiar Bolsonaro já em primeiro turno, na tentativa de barrar uma nova votação em 2° turno", afirma.
Em relação a Lula, Feijó avalia que votos de abstenção e eleitores que optaram por votar em Ciro e Tebet no 1° turno podem ter influenciado no percentual abaixo dos 50%. Com isso, segundo ele, há potencial de crescimento na campanha do petista para o 2° turno.
"Lula ficou com destaque negativo, principalmente, em São Paulo onde os votos para ele ficaram abaixo do esperado. Mas ele tem potencial de subir com ganho dos votos de abstenção, vimos muitas filas que impediram votações ontem, e também aqueles que optaram por outros candidatos, mas pode ser que, entre a escola do 'menos pior' votem nele", pontua.
As eleições de ontem registraram nível de abstenção, de 20,9%, o mais alto desde as eleições de 1998, quando 21,5% do eleitorado não votou. Mais de 32 milhões de eleitores não compareceram às urnas nesse domingo (2), segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).