(Maurício Vieira)
As buscas por vítimas do soterramento que ocorreu na Vila Bernadete, na região do Barreiro, em Belo Horizonte, foram encerradas neste domingo (26), por volta das 12h, quando foi encontrada o corpo da última vítima do acidente. Sete pessoas de duas famílias morreram, e cinco casas ficaram destruídas na rua Doze, que fica no meio do bairro.
Até a tarde deste domingo, haviam sido identificadas quatro vítimas: Thiago Rodrigues Campos, de 25 anos, a esposa dele, Kelly, que teve apenas o primeiro nome divulgado, e o filho do casal, um menino de três anos. Edmar Rodrigues Silva, de 25 anos foi resgatado ainda na manhã de sábado (25), no início das buscas e mais dois corpos, de uma mulher e um homem, foram encontrados, completando as vítimas.
O primeiro balanço divulgado neste domingo (26) pela Defesa Civil registra 37 mortes em Minas Gerais por causa da chuva desde sexta-feira (24), sem contar os números finais da Vila Bernadete. O levantamento confirma oito óbitos na capital (até então três na vila e cinco no Jardim Alvorada); seis em Betim, cinco em Ibirité e um em Contagem. No interior, as ocorrências fatais se concentraram na Zona da Mata.
Todos os corpos encontrados na Vila Bernadete foram levados para o Instituto Médico Legal (IML) da capital, onde serão devidamente identificados e reconhecidos por familiares. O velório e enterro das vítimas está previsto para esta segunda-feira.
O bairro existe há 50 anos e não era considerado área de risco pela Defesa Civil, o que provocou atraso no socorro aos moradores, que desde a tarde de sexta tentaram acionar o órgão por socorro. Em visita à comunidade, na manhã de sábado, o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), se disse envergonhado, pediu desculpas e se mostrou impressionado com a quantidade de lama nos escombros.
"Desculpa. Eu peço desculpa porque sou um cara indignado, trabalho feito um cavalo e eu sou o cuidador dessa gente", afirmou. Questionado sobre as críticas dos moradores pela atuação da prefeitura, lamentou: "Uma coisa que eu tenho na minha cara é muita vergonha. Eu tô muito envergonhado", disse.
Por causa dos riscos aos Bombeiros, técnicas parecidas com as utilizadas em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, foram usadas nas buscas. A quantidade de lama, muito encharcada, fez com que as buscas tivessem que ser interrompidas várias vezes durante o sábado.
O coronel Waldir Figueiredo, da Defesa Civil de BH, justificou a demora no atendimento à vila pelo alto número de chamados durante a forte chuva de sexta-feira (24). Segundo ele, foram pelo menos 500 em 24 horas, e a equipe resolveu priorizar áreas que eram consideradas de risco.
"Não viemos em razão do acúmulo de chamados e da priorização, porque nós não temos condição de avaliar simplesmente pela comunicação telefônica a situação de risco", justificou Figueiredo. "Os esforços foram nos locais sabidamente de risco", completou.
Além disso, segundo Kalil, um problema na linha telefônica da Telemar causou impedimento ao recebimento de chamadas do órgão. Defesa Civil e prefeitura não souberam dizer por quanto tempo houve interrupção nas linhas de atendimento.
As 50 famílias que foram removidas da vila estão em casas de parentes e abrigos alugados pela prefeitura. Segundo a Defesa Civil, elas recebem alimentação e itens de primeira necessidade.
Em todo o Estado, vinte e cinco pessoas seguem desaparecidas. Ainda de acordo com a Defesa Civil,13.687 pessoas foram obrigadas a deixar suas residências devido à situação de risco e outras 3.354 estão desabrigadas. Nova atualização está prevista para as 16h.
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