(Flávio Tavares)
O ministro da Saúde, Arthur Chioro, confirmou nessa segunda-feira (4) que o país enfrenta uma epidemia de dengue. Minas Gerais é o terceiro estado com o maior número de pessoas infectadas no país. Entre janeiro e 18 de abril, foram contabilizados 60.838 casos em território mineiro, o dobro dos registros no mesmo período do ano passado (30.756).
Na incidência por grupos de cem mil habitantes, o salto foi de 148,3 casos para 293,4. Diante do avanço da dengue, profissionais de saúde alertam sobre os cuidados para evitar a enfermidade, já prevendo um pico de casos nas próximas semanas. A recomendação para a população é eliminar os locais que possam servir de ambiente de proliferação do mosquito transmissor, o Aedes aegypti.
Em BH, difícil encontrar alguém que não conheça um parente, um amigo ou um vizinho infectado recentemente. Uma das vítimas é o pedreiro Olinoedes Santos Araújo, morador do Santa Efigênia, que retornou ontem à UPA do Esplanada, região Leste, depois de se recuperar da doença.
Na unidade, foram confirmados dois casos da doença apenas nessa segunda-feira. “Pegar dengue é ruim demais: tive uma febre terrível, dor de cabeça, diarreia. Não sabia que era dengue. Tinha dor nos ossos, as pernas tremiam”, disse.
Araújo passou dois dias internado em hospital, tinha falta de ar e dificuldade de falar, com a garganta seca e dolorida. Do médico, ouviu que não teria sobrevivido se demorasse mais quatro horas para buscar atendimento. Durante os cinco dias em que ficou doente, o pedreiro emagreceu 15 quilos. O irmão, pouco depois, também contraiu a doença.
Segundo a gerente do Centro de Saúde Alto Vera Cruz, Tatiane Caetano, o tratamento básico é a hidratação (oral ou venosa, em alguns casos), na proporção de 80 mililitros de líquido (água, suco) por quilo de peso, mais analgésico. Ou seja, um paciente com 50 quilos precisa tomar quatro litros de líquidos por dia. Ontem, segundo a gerente, o Centro de Saúde Alto Vera Cruz registrou cinco casos suspeitos.
Ao todo, na unidade, foram 35 notificações da doença, de janeiro a abril deste ano. Até março, eram 12. “Em comparação com outros centros de saúde, como Pompeia e Paraíso, temos um baixo número de infecções”, afirma.
Tatiane atribui a redução do número de casos em relação a 2013, quando também houve uma epidemia da doença na cidade, ao trabalho efetivo dos agentes de controle de zoonoses. Segundo ela, os profissionais colocam armadilhas em vários pontos da comunidade para identificar onde estão os maiores focos do
Aedes aegypti.
Ela explica que, com essa varredura, diminui o número de casos. O maior problema é a grande quantidade de lixo espalhada no Alto Vera Cruz, onde vivem mais de 15 mil pessoas. “A dengue é uma doença sazonal, mas as ações são prolongadas ao longo do ano, o que faz diminuir a ocorrência da doença”.
Sintomas
Profissionais da saúde chamam a atenção para os sintomas de alarme da doença, como dor de cabeça e ao redor dos olhos, prostração, manchas avermelhadas pelo corpo.
A febre é geralmente a primeira manifestação da dengue, com início repentino e temperatura superior a 38 graus. Outros sintomas são dores nas articulações, dor abdominal intensa e contínua, náuseas ou vômitos persistentes, sangramento de mucosas, sonolência ou irritabilidade, hipotermia e desconforto respiratório.