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Uma construção histórica caindo aos pedaços coloca em risco a segurança de moradores de Santa Bárbara, na região Central de Minas. Com a estrutura comprometida, um dos imóveis onde funciona o Colégio Nossa Senhora do Sagrado Coração, datado do fim do século 19, precisa urgentemente de restauração. A reforma ainda não saiu devido a um jogo de empurra entre proprietários do prédio e o poder público. O colégio é dividido em dois edifícios, e um deles, o que é tombado pelo município pelo valor arquitetônico, artístico e cultural, está desocupado e isolado devido ao risco de desabamento. Pedaços de reboco e outros materiais caindo, infiltrações e paredes escoradas preocupam moradores, antigos estudantes da instituição e pais de alunos. Primeiro porque as aulas das turmas de educação infantil ao ensino médio começam em fevereiro, e o trânsito de crianças será maior no Centro, onde fica a escola. Além disso, segundo a arquiteta responsável pelo projeto de restauração do imóvel, o escoramento de emergência, já feito, suportará a estrutura por apenas seis meses. Nota técnica do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha/MG) aponta que, se não forem tomadas medidas urgentes, o desabamento de paredes e pisos poderá se concretizar em pouco tempo. MEDIAÇÃO A situação fez com que o Ministério Público de Minas Gerais (MPE) interviesse no caso, por meio de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), devido ao impasse sobre a responsabilidade de reforma do imóvel. Laudo assinado por uma arquiteta e urbanista aponta que um conjunto de fatores contribuiu para a deterioração do prédio, como a fragilidade dos materiais de construção, expostos às chuvas, por exemplo, e a idade da edificação, estimada em 144 anos. Para o MPE, houve omissão dos proprietários – hoje, a Associação das Irmãs Missionárias Capuchinhas, e, há 53 anos, a prefeitura, que doou o imóvel. Ambos teriam negligenciado a conservação preventiva e a manutenção do bem. A prefeitura também teria deixado de zelar pelo patrimônio cultural ao não fiscalizar a integridade dele, e não faltou dinheiro para isso. Segundo a promotoria, desde 2009, o município recebeu R$ 1.718.109,76 em repasses do ICMS Patrimônio Cultural. Enquanto ninguém assume, na prática, as responsabilidades pelo imóvel, ex-alunos como Andreia Donadon Leal, de 40 anos, se entristecem diante de tamanha riqueza cultural desmanchando. “É um tremendo desgosto ver uma das escolas mais tradicionais de Santa Bárbara caindo aos pedaços”, lamenta.