(Lucas Prates)
O cabo da Polícia Militar (PM), José Alves Celestino, admitiu ter feito um disparo durante a operação que acabou com um adolescente de 16 anos baleado no Aglomerado da Serra, região Centro-Sul, na manhã de segunda-feira (18). A ação da PM no bairro foi motivada por uma confusão que aconteceu durante a festa "Serra Te Amo, Te amo Serra" na noite de domingo (17), quando uma pessoa morreu e 13 ficaram feridas. Segundo o tenente-coronel Alfredo Veloso, comandante do 22° Batalhão da PM (BPM), o militar foi ouvido na madrugada desta terça-feira (19) e disse que apenas revidou tiros efetuados por um suspeito que estava no Beco São Luiz e trajava camisa vermelha e bermuda preta. No entanto, José Alves não confessou ter atirado contra o adolescente e disse ainda que sequer viu o jovem. O rapaz estaria comendo um pão com manteiga e tomando um copo de café com leite na porta de casa. Com o autor do disparo identificado, os outros dois soldados, que estavam no local no momento do disparo e acabaram detidos, foram liberados. José Alves continua preso no quartel do 22° BPM. Ainda conforme o tenente-coronel Alfredo Veloso, a arma utilizada pelo cabo durante a operação foi apreendida e será enviada ao Instituto de Criminalística da Polícia Civil para investigar se o tiro que atingiu o adolescente partiu do militar. O laudo pericial deve sair em 30 dias O comandante do 22° BPM confirmou que o adolescente, que já recebeu alta, também prestou depoimento à Corregedoria da PM e não confirmou que o disparo que atingiu sua perna esquerda partiu do cabo José Alves. Além disso, o jovem teria dito que nem mesmo viu que os militares estavam no beco.
Até o momento, nenhum dos suspeitos de matar uma pessoa e atirar em outras 11 durante a festa de domingo na Praça do Cardoso foi detido. A polícia informou que todos já foram identificados e seriam moradores do Aglomerado da Serra. Entenda o caso Durante uma festa que acontecia na Praça do Cardoso na noite de domingo (17), seis pessoas em quatro motocicletas chegaram ao local e efetuaram vários disparos. Dário Ferreira Leite Neto, de 33 anos, morreu na hora. Foram conduzidos para o Hospital de Pronto-Socorro João XXIII (HPS), cinco homens, com idade entre 18 e 22 anos; duas mulheres, de 20 e 21 anos; além de uma idosa, de 71; dois adolescentes, de 14 e 16 anos, e uma criança de 6 anos. Segundo o tenente-coronel Alberto Luiz Alves, assessor de Comunicação da PM, não havia policiamento fixo no local durante o evento, apenas nas proximidades e motorizado. Ainda conforme o militar, a festa tinha alvará mas a polícia só foi avisada sobre o evento na data em que ele aconteceu, o que inviabilizou a atuação da PM. A polícia informou também que aproximadamente 400 pessoas estavam no local quando a confusão começou. Já a secretária-adjunta da Regional Centro-Sul, Nilda Maria Xavier Pires, informou que o alvará era para um evento cultural de 1.000 pessoas - "Serra Te Amo, Te amo Serra" - e foi solicitado dentro do prazo. Ela esclareceu ainda que todas as exigências foram cumpridas e os orgãos competentes - Cemig, Polícia Militar, Corpo de Bombeiros e empresas de trânsito - avisados com 48 horas de antecedência.