O comércio de animais em Belo Horizonte pode estar com os dias contados. Dentro de um mês vai acontecer novo turno de discussões sobre a questão, dessa vez provocado pelo vereador Sérgio Fernando Pinho Tavares (PV), presidente da recém-criada Comissão Especial de Estudos sobre Políticas de Proteção e Defesa dos Animais da Câmara Municipal.
O tema gerou, recentemente, troca de acusações entre ativistas e comerciantes do mercado, inclusive com ameaças de morte.
Tavares se diz contra a venda de animais de qualquer tipo e favorável à castração e à adoção “para acabar com o problema do abandono na cidade”.
A postura dele coincide com a da ex-vereadora Maria Lúcia Scarpelli (PCdoB), autora do Projeto de Lei 559/09, que prevê o fim desse comércio no Mercado Central. O texto nem chegou ao segundo turno. Foi derrotado após uma campanha de Leonardo Matos (PV), contrário à medida.
Maria Lúcia diz que, na época, “a Câmara foi pressionada por ‘forças estranhas’”. “Esvaziaram o plenário, quando tínhamos o apoio da UFMG e de clínicas veterinárias”.
Ela afirma que os bichos são tratados no mercado como “meros produtos” e “não têm documentos de origem nem cartão de vacinação”. Faltaria também controle sanitário. “É altíssimo o número de mortes lá”, afirma.
Roedores
Os principais problemas estariam, segundo Maria Lúcia, nos corredores “sombrios e sem ventilação” e no ataque de ratazanas aos bichos engaiolados, à noite. “Esses mesmos roedores passeiam pelos alimentos”, diz.
Inconformados com o arquivamento do PL 559/09, ativistas da defesa dos animais querem que a capital aprove lei semelhante à de Salvador (BA), onde os vereadores determinaram, por unanimidade, o fim desse tipo de comércio. Uma das justificativas é o risco de transmissão de uma série de doenças aos humanos.
Segundo Maria Lúcia Scarpelli, também há problemas em pet shops de BH. “Os animais ficam se equilibrando nos arames de aço das gaiolas”, diz.
Bom negócio
Na contramão do que querem os ativistas, a venda de animais no Mercado Central parece ir a todo vapor. Em meio ao ensurdecedor barulho das aves e dos cães, é grande o movimento de clientes. Os animais ficam em pequenas gaiolas, principalmente os pássaros.
“Cada loja é independente. Não dá para saber o faturamento com esse tipo de comércio, mas é bom”, diz o presidente do Mercado Central, José Agostinho Oliveira.
Embora o superintendente do espaço, Luiz Carlos Braga, garanta que há fiscalização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), da Polícia Florestal e da Vigilância Sanitária, o mau cheiro e a exposição dos bichos em gaiolas não causam boa impressão.